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Confira como foi a passagem de Adama Paris por Salvador

04/12/2017 I às 17h37

Falando sobre moda africana e a relação da moda com as questões étnico-raciais, o primeiro dia de Fórum Mercado Black levou empreendedores, artistas, profissionais e estudantes de moda para um bate-papo no Goethe Institut, no dia 21 de novembro. Com a presença da designer de moda e criadora da Black Fashion Paris, Adama Paris, a estilista e modativista, Carol Barreto, e da designer e artista plástica Goya Lopes, o público pôde ouvir as profissionais discutirem sobre a representatividade negra na moda brasileira e a relação com a África, num encontro que a própria Carol Barreto pontuou como histórico.

Como atração internacional, Adama Paris falou sobre a sua trajetória e experiência no mercado da moda. Ela nasceu no Congo e viajou pela Europa, mas foi pela África que iniciou sua história, onde começou a sua carreira. “Eu sempre tive uma forte ligação com a África”, menciona. Apesar de vim de uma família com boas condições financeiras, não foi fácil chegar onde Adama chegou. Antes de trabalhar com moda, ela era funcionária de um banco e se dedicava aos estudos sobre moda apenas a noite, quando chegava em casa. Ela ainda contou sobre as dificuldades de voltar para a África e trabalhar sendo jovem. A designer de moda ainda contou de uma situação onde foi impedida de entrar no próprio show, pois estava usando o seu cabelo black e as pessoas não acreditaram que Adama Paris era uma mulher negra e jovem. Hoje ela busca criar uma moda que possa ser vista e consumida por todos.

Goya Lopes abordou a questão das políticas públicas para os profissionais de moda, além de falar de suas experiências, trabalhos, referências e processos criativos na moda. A designer tem um trabalho que une elementos africanos e baianos, fazendo uma ponte entre o ancestral e o contemporâneo.

Fórum Mercado Black: conexões entre Brasil e África no mundo da moda – FOTO: Divulgação

Já a designer de moda e modativista, Carol Barreto, contou as suas experiências no universo da moda, com diversas participações internacionais, inclusive com a sua coleção mais recente, a Asè, que completou um ano recentemente. Carol, além de designer de moda autoral e modativista, é também pesquisadora e docente da UFBA. Ela trouxe para o público o seu olhar sobre o enfrentamento da luta antirracista na moda e a urgência de conexões negras nesse universo. “Precisamos nos formar entre a gente”, diz.

A estudante de moda Tuani Santos faz questão de pontuar a ausência dos debates raciais no curso de Moda. Ela foi ao evento pelo interesse em conhecer de que forma os negros atuam no mercado da moda, além de ser uma oportunidade para fazer networking. “O que mais me motivou foi o networking. Busco conhecer novas coisas, novas ideias. Para mim é um berço de inspiração para novas coleções e trabalhos”, finaliza a jovem.

Carol Barreto finalizou a sua participação falando sobre a necessidade de se problematizar a colonização. E, segundo Goya Lopes, há um tripé necessário para o crescimento na área: Produção, Distribuição e Mídia Positiva.

Às 19h o público pôde prestigiar também a exposição da Coleção Asè, de Carol Barreto, na galeria do Goethe-Institut. A coleção já viajou para países como Nova York, Paris, Bogotá, Luanda e outros, participando de semanas de moda e galerias de arte.

 

Ashley Malia é repórter do Portal Correio Nagô.

Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo

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