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Genocídio do povo negro: quem pagará a conta?

27/12/2017  |  às 22h40

De cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras. Os dados do Atlas da Violência(2017) reforçam que jovens e negros do sexo masculino são as maiores vítimas da violência no País que em pleno século XXI ainda prega uma falsa democracia racial.

O mito não impede que um cidadão negro tenha chances maiores (23,5%) de sofrer assassinato em relação a cidadãos de outras raças/cores, já descontado o efeito da idade, sexo, escolaridade, estado civil e bairro de residência.

A violência no Brasil tem cor. Reveja matéria do Portal Correio Nagô sobre assunto:

ATLAS DA VIOLÊNCIA: Quem vai contar os corpos pretos?

Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência 2017

Segundo o relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência em 24 Unidades da Federação brasileira a chance de um jovem negro morrer assassinado é maior do que a de um jovem branco. No estado de Alagoas um jovem negro tem 12,7 vezes mais chances de morrer assassinado do que um jovem branco. 

Entre os homens, risco de jovem negro ser assassinado é 2,7 vezes maior que de um jovem branco.

Pela primeira vez, o Relatório trouxe o recorte de gênero, reiterando a vulnerabilidade das mulheres negras.

Jovem negra tem 2 vezes mais chances de ser morta no Brasil, diz relatório

Confira o relatório:

 http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2017/12/FBSP_Vulnerabilidade_Juveni_Violencia_Desigualdade_Racial_2017_Relat%C3%B3rio.pdf

ENCARCERAMENTO EM MASSA E A GUERRA ÀS DROGAS

No início de 2017, a morte de mais de 100 detentos alertou sobre o caótico situação do sistema prisional brasileiro. Guerra de facções criminosas dentro de presídios brasileiros estamparam as manchetes dos jornais. Pelo menos 60 presos que cumpriam em Manaus (AM). Na mesma semana, em Roraima, 33 presos foram mortos. No Rio Grande do Norte, pelo 26 presos foram mortos em rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz. A fragilidade do sistema penitenciário nacional é uma pauta que está na agenda do Movimento Negro há tempos.  O impacto do aprisionamento em massa decorrente do tráfico de drogas também. Mas pouco ou quase nada tem sido feito para sequer discutir a problemática, apesar de todos os esforços de ativistas. 

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Diferentemente da pauta ligada à guerra às drogas, a redução maioridade penal encontra interesse em todas as camadas da população, aguerridas pelo agendamento e enquadramento midiáticos tendenciosos e oportunistas. Nada melhor que um ano eleitoral para resgatar propostas polêmicas. Assim, em 2018 o debate sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos poderá ser referendado pelo Congresso Nacional. Após o recesso parlamentar, a  Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 33/2012 deverá voltar à pauta da Comissão de Constituição e Justiça do Senado no início do ano. 

Imersos em um mar de seletividade, desumanização e violências,  mães, pais, irmãos, filhos e amigos de vidas negras interrompidas pelo racismo continuarão a se perguntar: até quando os corpos negros pagarão esta conta?

Donminique Azevedo é repórter do Portal Correio Nagô.

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