Monique Evelle, 20 anos, moradora do bairro Nordeste de Amaralina, em Salvador, é uma das “30 mulheres com futuro promissor com menos de 30”, segundo a revista MdeMulher. A coordenadora do Desabafo Social, projeto que tem como objetivo discutir sobre Direitos Humanos da Infância e Juventude, Comunicação e Educação, através do recorte racial, diz para o Correio Nagô que se surpreendeu quando viu seu nome na lista divulgada na semana passada, pelo periódico da Editora Abril. “Fiquei feliz, mas assustada, porque agora significa mais responsabilidade e mais trabalho. Algumas pessoas diziam que o Desabafo não daria certo, mas eu acreditei e temos resultado”, afirma a jovem.
No grupo das mulheres selecionadas pela MdeMulher, a maioria é composta por mulheres brancas; menos de 25% delas podem ser consideradas negras. Relacionando a lista à temática racial, Evelle diz que recebeu um comentário no seu perfil pessoal da rede social Facebook, após o conteúdo sobre “as 30 mulheres” ser divulgado também pela revista Capricho. “Mulheres negras na revista Capricho que falam de feminismo, racismo e direitos humanos? Pensei que esse dia nunca chegaria, já era hora”, falou o internauta Raony Almeida Ribeiro.
Monique afirma que o número de mulheres negras em certos ambientes ainda é reduzido. “Há poucas mulheres negras no espaço de visibilidade, mas quando tenho retorno pelo que faço, eu, como mulher negra, penso: Eu posso, eu faço e vou continuar fazendo”, ressalta.
Não é a primeira vez que Monique Evelle, graduanda em Humanidades pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), observa seu nome sendo repercutido na sociedade. No ano passado, a baiana foi citada pelas “Blogueiras Negras” como uma das 25 negras mais influentes da internet. Ao lado de mulheres que lutam a favor de direitos e discutem sobre a promoção da igualdade racial, como Jurema Werneck e Leila Negalaise NZ, a jovem diz que essas repercussões na internet ajudam as pessoas a conhecerem mais o projeto do Desabafo Social e dão mais credibilidade às ações da Instituição. Monique acredita que o Desabafo Social, que começou como uma iniciativa dentro do grêmio estudantil, no colégio Thales de Azevedo, alcance investimentos e apoios. Ela conta que as reuniões da organização são feitas dentro da casa dela ou nas ruas. “Espero que a gente consiga ter uma sala para as nossas formações”, diz.
Outra baiana (foto de Luiz Tito | Agência A TARDE | 17.9.2014) – Filha do comerciante Jorge Luiz dos Santos e da cabeleireira Sidney da Silva Sampaio, Georgia Gabriela, 19 anos, é outra baiana que também faz parte da lista das “30 mulheres”. Natural de Feira de Santana, a jovem, que participa de um programa de empreendedorismo na Universidade Harvard, Estados Unidos, pesquisa sobre a endometriose, doença que acomete mais de seis milhões de mulheres no Brasil e mais de 170 milhões no mundo. Para o A Tarde, em setembro no ano passado, quando ainda era finalista do concurso para Harvard, Georgia disse que tinha quebrado paradigmas ao ser selecionada. “Sou negra, nordestina e de uma cidade do interior. Mesmo assim consegui ficar entre os finalistas desse concurso fora do meu país. Para mim, já é uma vitória”, afirmou.
A coordenadora do Programa de Comunicação da Odara, Naiara Leite, acredita que a repercussão de casos como estes “estimulam as mulheres negras a acreditar que é possível, mesmo com as barreiras que o racismo coloca. Elas vão servir de espelho”, pontua.
Na oportunidade Georgia comentou também que decidiu pesquisar sobre a endometriose após a tia passar pelo problema. “Comecei a pesquisar e notei que a falta de um diagnóstico precoce é que aumenta o risco da doença e de outros estágios dela. Como o sintoma principal é a dor durante a menstruação, as mulheres passam muito tempo sem procurar tratamento. A média de atraso na busca de tratamento é sete anos. Enquanto isso, a endometriose avança e pode atingir outros órgãos”, pontuou para o A Tarde.
Confira a lista das selecionadas
http://especial.mdemulher.com.br/30-mulheres-com-menos-de-30/
DESABAFO SOCIAL
O Desabafo Social hoje é uma rede que reúne colaboradores de 13 estados do Brasil. Em março do ano passado, o Desabafo ganhou o prêmio de Protagonismo Juvenil pela Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude. Acesse: http://desabafosocial.com.br/