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Mulheres Negras fazem coro por direitos

Macha das mulheresNo Brasil, o número de mulheres negras, o que se refere a pretas e pardas, já chega a quase 50 milhões. Na tentativa de garantir mais direitos, no dia 18 de novembro, em Brasília, acontece a Marcha Nacional das Mulheres Negras 2015. Emanuelle Goes, coordenadora do Programa de Saúde da Mulher Negra, espera que essa iniciativa desencadeie um “novo marco político e histórico para o movimento negro”. “Eu pretendo que a Marcha seja uma demarcação para novas leituras sobre o caminhar do movimento feminino negro, do movimento negro e das mulheres, como um todo”, pontua. A Marcha sairá do Ginásio Nilson Nelson em direção ao Congresso Nacional. No total, serão cinco quilômetros de caminhada.

De acordo com o Comitê Impulsionador da Marcha das Mulheres Negras 2015, há muitos motivos e pontos para serem levantados na capital federal do Brasil, no dia 18.  A luta pelo fortalecimento da identidade negra, pelo espaço de poder e pelo embate ao racismo e ao sexismo são algumas das bandeiras que serão levantadas em Brasília. “Vivenciamos a face mais perversa do racismo e do sexismo por sermos negras e mulheres. Enfrentamos todas as injustiças e negações de nossa existência enquanto reivindicamos inclusão a cada momento em que a nossa exclusão ganha novas formas”, afirma texto do Manifesto do Comitê.

A Marcha Nacional, que traz como tema “Contra o racismo, a violência e pelo bem viver”, foi idealizada na cidade de Salvador e aglutina organizações de mulheres negras de todo o país. Segundo informações divulgadas por representantes da mobilização, a manifestação é uma homenagem às ancestrais e segue pela defesa da cidadania plena das mulheres negras brasileiras. Emanuele Goes afirma ainda que as questões referentes às mulheres negras não têm sido colocadas como pautas centrais no governo e também em outros movimentos. Ela também menciona o problema existente com os povos tradicionais. “Essa prática desenvolvimentista adotada no Brasil está eliminando as comunidades tradicionais. Nossa inquietação é também contra esse tipo de desenvolvimento”, resume.

A expectativa é de que mulheres dos mais de cinco mil municípios brasileiros estejam presentes nesse encontro. A diretora do Desabafo Social, Monique Evelle, mostra como a coletividade é importante para o fortalecimento do movimento. “A Marcha será um ótimo momento para engajar e aproximar mais mulheres negras na luta contra o racismo, sexismo e misoginia. É o momento para mostrarmos o quão unidas somos, que não somos uma, somos muitas mulheres negras ocupando espaços”, destaca a idealizadora da organização que luta a favor dos direitos humanos.

Mestra em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco e especialista em Gestão de Políticas em Gênero e Raça pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM), Milena Machado analisa a Marcha pensando no atual Congresso Nacional, que foi considerado o mais conservador depois do período da ditadura militar, 1964-1985, e no tipo de sociedade vivenciada no Brasil. “Na conjuntura contemporânea, de tantos retrocessos sociais, e com a estrutura patriarcal, escravista e misógina, precisamos dessa Marcha. Será um momento político importante na luta por igualdades. Espero que, com essa ação, direitos sejam garantidos”, conclui.

O Portal Correio Nagô apóia Marcha Nacional das Mulheres Negras 2015 e estará no dia 18 de novembro, em Brasília, realizando a cobertura de toda a mobilização. Acompanhem.

Da Redação do Correio Nagô

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