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O FIO DA QUESTÃO: Série aborda transição capilar

18/12/2017  | às 14h54

Por Bárbara Anunciação*

Fazer o curso de Comunicação Social sempre foi minha vontade, queria de alguma maneira escrever roteiros, produzir, entrevistar, esse mundo da Comunicação sempre me atraiu. Até que comecei a cursar e descobri que esse curso é mais fascinante do que imaginava e que ele me proporcionaria muito além da técnica. Fazer Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV na UNEB, no campus XIV, em Conceição do Coité, me proporcionou experiências importantíssimas e proporcionou me reconhecer e me afirmar como mulher negra. O processo de identidade negra chega e se desenvolve de maneira diferente para cada pessoa, para mim esse processo ganhou uma forma mais consistente depois que passei pela transição capilar. A transição foi um processo de transformação de dentro para fora, que fez “florescer” em minha cabeça não só cabelos crespos, mas, também, ideias e posicionamentos.

De certo tempo para cá, comecei a pensar sobre qual tipo de profissional gostaria de ser e percebi que já era. Percebi que posso aliar minhas lutas diárias, de gênero e raça, à minha formação e ao meu desempenho profissional. Dessa forma, comecei a pensar também que deveria trazer essas minhas inquietações para meu trabalho de conclusão de curso. Em meio à toda agonia do curso, resolvi me inscrever num edital para produção de curtas, e junto com a orientação da professora Helen Campos, construí um breve roteiro de um documentário sobre transição capilar e que a professora nomeou de: O FIO DA QUESTÃO.

Depois de inscrever o projeto, que não foi selecionado rs, percebei que esse documentário não poderia deixar de existir. Como optei por escrever uma monografia, vi nas aulas de Oficina de Vídeo e Estágio II, com os professores Sophia Midian e Moisés Vianna, respectivamente, a possibilidade de produzir O FIO DA QUESTÃO.

Então, criei um projeto de documentário para Oficina de Vídeo, e para o Estágio havia pensado em gravar sonoras em Salvador, uma vez que faria estágio no Correio Nagô.

O professor André Santana, que faz parte da equipe do Correio Nagô e do Instituto Mídia Étnica, trabalha no campus XIV da UNEB e vi nele a oportunidade de fazer o estágio fora de Coité, pois me tiraria do lugar de conforto e me possibilitaria conhecer FINALMENTE o Correio Nagô. Voltando um pouco para o começo desse texto, visualizo o Correio Nagô como uma das concretizações das minhas ambições como comunicóloga, trabalhar com algo que me identifico, falando dos meus para os meus.

Então, depois de toda a burocracia, cheguei à casa do Instituto Mídia Étnica (IME), aonde fica a redação do Correio Nagô (CN), bairro 2 de julho, Salvador. Quando cheguei fui recebida por Donminique, editora chefe do jornal, que me apresentou toda a casa, como é o ritmo do lugar, uma cozinha enorme e colaborativa, dormitório, uma ilha de edição que se chama Madagascar ( que sacada maravilhosa), o lugar é muito lindo, e lindo aqui sem romantizar, sendo bem pé no chão. O IME e o CN são maravilhosos e me fez problematizar muitas outras coisas (que não irão caber nesse texto). Depois de conhecer a casa e a galera, participei da reunião de pauta com mais duas estagiárias, Bia e Ashley, acompanhei tudo e por fim, apresentei minha proposta. Ah! Importante destacar que esse primeiro encontro foi somente com mulheres negras. Sim, é possível! Sim, é real! rs

Donminique fez a sugestão de transformar o projeto em vídeos minutos, Ashley se prontificou para ser a youtuber, e assim o produto foi ganhando forma. Depois de gravar em Salvador, voltei para Coité e colhi os depoimentos de mais 6 mulheres, estudantes do campus, que passaram pela transição. Elas responderam à quatro perguntas que são os temas principais dos vídeos: O que é transição capilar? Porque não desistir da transição capilar? Qual a sua opinião sobre a mudança no mercado de cosméticos para cabelos crespos e cacheados? Qual mulher negra serviu/serve de referência durante o seu processo de transição?

Com esses gatilhos, as entrevistadas falaram sobre seus pontos de vista, mas a ideia é que as expectadoras da série: O FIO DA QUESTÃO – MINUTOS, reflitam sobre os seus próprios processos, ou de pessoas próximas, e que transformem esses conteúdos em material para debate e conhecimento.

Estou muito feliz com essa parceria UNEB e Correio Nagô e espero que vocês também gostem desse resultado!

“Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.” Angela Davis

*Bárbara Anunciação é estudante de Comunicação Social/ Habilitação em Rádio e TV. Realizou estágio supervisionado no Instituto Mídia Étnica.

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