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Os movimentos ancestrais dos Orixás como exercício cênico

A VIII edição do Festival A Cena Tá Preta contou com a presença do ator e diretor Samuel Santos da Companhia O Poste Soluções Luminosas, de Pernambuco. Ele foi responsável pela oficina ‘O ator total: o corpo ancestral’, na qual apresentou uma série de exercícios que unem métodos de treinamento de ator de clássicos com Mikhail Chekhov e Grotowski aos movimentos ancestrais dos orixás.

Samuel Santos em oficina do VIII Festival A Cena Tá Preta

 

 

“Não adianta ao ator apenas decorar textos, ele precisa de um corpo em prontidão. E os exercícios com os movimentos dos orixás trazem uma tônica energética essencial ao trabalho do ator. E importante: é algo nosso, das nossas raízes. Não foi dado pelo colonizador”, afirma.

 

 

 

Fotos: Fernanda Borges

O artista elogiou a presença de jovens interessados nesta proposta de ‘hibridismo’ durante a oficina e destacou a importância da realização do Festival A Cena Tá Preta: “Precisamos muito de festivais como esse. O pertencimento dos artistas negros precisa ser evidenciado, por conta de um histórico de abafamento da nossa arte e da nossa identidade”.

Diante de uma plateia majoritariamente negra atraída, a partir de 1990, pelas produções do Bando de Teatro Olodum e consolidada nestas oito edições do Festival, Samuel Santos avaliou: “O público negro também quer se reconhecer nas ações dos artistas negros, por isso é essencial que os negros tenham acesso ao teatro, artistas e público. É fundamental para a nossa autoestima”.

Samuel Santos conta que a Companhia O Poste Soluções Luminosas iniciou em 2004, em Recife, na área de iluminação cênica, assessorando tecnicamente grupos artísticos e, em 2009, assumiram também a encenação sendo um dos primeiros grupos teatrais assumidamente negro da cidade. A companhia realiza pesquisas teatrais calcadas no resgate antropológico aliado ao teatro físico.

Neste momento, Samuel e o grupo estão envolvidos na realização da 1ª Mostra de Artes Cênicas ‘Luz Negra: o negro em estado de representação’, que acontece de 19 a 29 de outubro, no tradicional Teatro de Santa Isabel, em Recife, reunindo produções com protagonismo de artistas negros.

“Precisamos criar um circuito de festivais por todo o país que dê visibilidade às expressões das artes negras. Como bem disse a atriz [afroamericana] Viola Davis, o artista negro só precisa de oportunidade para revelar seu talento”.

 

Da Redação.

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