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Saiba por que estão lutando para transformar o idioma Yorubá em patrimônio brasileiro

O Brasil é herdeiro da rica cultura dos povos africanos. No entanto, grande parte da população nunca ouviu falar dos Yorubás ou Nagôs, dos Jejes (que inclui as etnias de Fon; Ashanti; Ewé; Fanti), os Mina e os Malês (que são povos do oeste africano muçulmano, na maior parte falantes da língua haúça), dentre outros.

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Arte de Carybe

Pensando em construir um movimento contrário à negação da história de contribuição do povo negro para o Brasil, o escritor e presidente da Associação Nacional de Mídia Afro (ANMA), Márcio de Jagun reuniu em uma publicação vocábulos Yorubá e através do ANMA tem lutado para transformar o idioma em patrimônio brasileiro.No dia consagrado a Oxalá, sexta (03), dia de vestir branco, Márcio de Jagun lançou o livro “Yorubá: vocabulário temático do Candomblé” resultado de três anos de pesquisa.

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Lançamento do livro “Yorubá: vocabulário temático do Candomblé”. FOTO: Joyce Melo

O lançamento ocorreu no Museu Afro Brasileiro- MAFRO, como parte das atividades que comemoram os 35 anos do museu, que é um dos poucos no Brasil a tratar, exclusivamente, das culturas africanas e sua presença na formação da cultura brasileira.

O escritor, em entrevista ao Correio Nagô, explica que o livro não se trata de entender somente a tradução, mas primariamente a filosofia que está por trás do vocabulário que é cotidianamente utilizado nos terreiros de candomblé, tendo a compreensão teológica.

“O que eles entendem por fogo? o livro faz uma espécie de mergulho dentro do conteúdo da cabeça do Yorubá, pra tentar entender o que ele pensava antes de entender o que ele falava”, explica Márcio.

Mãe Iara de Oxum esteve no lançamento do livro. “Como religiosa e sacerdotisa, eu considero fundamental [o livro] porque se todas as crianças afrodescentes tivessem esse dicionário, esse conhecimento Yorubá elas iriam se autoafirmar em todos os segmentos, hoje a gente sofre muita intolerância religiosa por não saber os nossos direitos também”, afirmou Mãe Iara de Oxum.

YORUBÁ – PATRIMÔNIO BRASILEIRO

A diretoria da ANMA é responsável pelo requerimento do idioma Yorubá no  Inventário Nacional de Diversidade Linguística (INDL/IPHAN). A pesquisa que fundamentou o processo foi de responsabilidade do presidente da ANMA, Márcio de Jagun, e está sendo tramitado no IPHAN.

Márcio Jagun

Márcio Jagun. FOTO: Joyce Melo

Como parte das mobilizações, ocorreu no dia 29 de maio, o Seminário “Ioruba: Idioma Africano, Identidade Brasileira”. O objetivo foi discutir a proposta para inclusão do idioma Yorubá no Inventário Nacional de Diversidade Linguística (INDL/IPHAN), além de constituir uma das etapas deste processo de patrimonialização pela instituição.

“O próximo passo é o Conselho Nacional se reunir para analisar a proposta e aprovar, o Brasil é um país diverso e para que essa diversidade seja valorizada a gente precisa reconhecê-la, o idioma Iorubá é um idioma que antes de tudo representa resistência”, argumentou o presidente da ANMA.

 HORA DE APRENDER O IDIOMA YORUBÁ

mo dúpé = eu agradeço

e káàáró = bom dia

“A interlocução do Yorubá precisa ser retomada diretamente com nossos irmãos sem tradutores e com outras línguas que estão envolvidas nesse reencontro. Hoje podemos ter mais acesso ao povo Yorubá, nossos irmãos estão nos aguardando e vindo pra cá também… O desenvolvimento de um povo depende do seu desenvolvimento linguístico”, afirmou o professor de língua e cultura Yorubá, Denilson Oluwafemi, que está realizando o curso no Centro de Idiomas Mário Gusmão. O curso custa R$100 ao mês, com matrículas abertas. Para mais informações: (71) 9 8848-4715 (whatsapp)

 Joyce Melo é repórter do Portal Correio Nagô.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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