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São João: a crise atual pode destacar a cultura popular da festa

O pedido de respeito às tradições populares e a denúncia do desvirtuamento atual na produção dos festejos juninos nas cidades da Bahia foi o tema recorrente no primeiro dia do Festival São João, que promoveu palestras e debates abertos no recém-inaugurado Cine Teatro Cachoeirano, em Cachoeira, Recôncavo Baiano. Entre os participantes, artistas, empresários, pesquisadores e gestores municipais. Todos refletindo sobre o “futuro em aberto a ser construído”, como destacou Gilberto Gil. O ex-ministro da Cultura (2003-2006) mediou o diálogo entre a sambadora Dona da Dalva, do Samba Suerdieck, o repentista Bule Bule e o mestre popular Avelino, que divertiu o público presente com a sua performance “Segura a véia”.

A primeira palestra foi do professor Jânio Roque Barros de Castro, crítico ao modelo de espetacularização com interesses exclusivos econômicos, deixando de lado as manifestações tradicionais populares. “Viva a crise que está estabelecida neste ano, pois com menos dinheiro, talvez se preocupem mais com a cultural regional e a manifestações populares, que são perenes”. A fala do professor encontrou ressonância nos números apresentados pelo secretário de Cultura de Cachoeira, José Luiz Bernardo, relevando o impacto da festa nas contas públicas dos pequenos municípios. “Para se ter uma ideia, o ano passado o São João de Cachoeira custou R$1 milhão, sendo que o município precisava de R$ 800 mil para a reforma do mercado municipal”, exemplificou.

O Festival São João foi uma realização da Suindara Radar e Rede, Expresso 2222 e Espiral, com o apoio das Casas Bahia, através da Fundação Via Varejo. Braço da Via Varejo, empresa que administra as marcas Casas Bahia e Pontofrio, a Fundação Via Varejo é responsável pelo investimento em ações que incentivam e promovam a cultura brasileira, o desenvolvimento social e humano e a qualidade de vida. Neste momento, o foco é a valorização e difusão das festas populares, como o São João.

“Essa é a mais importante festa popular da Bahia, que para além da diversão, proporciona o retorno de muitos baianos à cidade natal, reencontrando os familiares”, destacou a professora Carlota Gottschall, da Universidade Federal da Bahia. “Um aspecto relevante é que há poucos turistas de outros estados, ou seja, o São João é uma celebração tradicionalmente baiana”, pontuou a pesquisadora.

Da Redação do Correio Nagô

As fotos são de Edvaldo Neto CDois

 



 

 

 

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