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SUSTENTABILIDADE E OS 3 R

A sustentabilidade do planeta tem  sido  tema de debate nas instituições acadêmicas, nas corporações, nas ONG, nas conferências temáticas da ONU, na mídia, nas  redes sociais e mesas de bar. O desenvolvimento sustentável tem como premissa a utilização dos recursos do planeta, pelas gerações atuais, de forma planejada, para garantirmos que as gerações futuras continuem dispondo destes recursos. Nesse sentido, diversas propostas de uso  responsável e renovável dos recursos tem sido difundidas e uma delas se conhece como 3 R, que são:

Reduzir – restringir a produção de resíduos, de modo que a quantidade de lixo produzida seja inferior ao que se vinha praticando. A utilização de sacolas retornáveis, em substituição às sacolas plásticas de supermercado é uma atitude que reduz a produção de resíduo.

Reutilizar – dar novos usos a matérias que antes eram descartadas, prolongando sua vida útil e evitando ou  postergando  seu descarte. Utilizar uma lata de biscoitos para guardar bijuterias é uma forma de reutilização.

Reciclar – transformar o resíduo, antes inútil, em matéria-prima ou novos produtos. O Brasil, embora tenha baixíssimos índices de reciclagem de resíduos, em geral, é referência em reciclagem de latas de alumínio. Somos também conhecidos pela reciclagem de garrafas pet.

A consciência ambiental dos cidadãos, junto com a responsabilidade social empresarial têm permitido que diversas ações sejam adotadas na busca da maior sustentabilidade global, mas há uma coisa que ainda muito me incomoda no que se refere ao R de Reduzir. E vou explicar com alguns exemplos da minha vida cotidiana de consumidor.

Há cerca de um mês, minha câmara digital, comprada 03 anos antes por R$ 500,00, veio a apresentar defeito. A garantia era de 2 anos e encaminhei para a assistência técnica da fábrica que me apresentou um orçamento de conserto de R$ 67,00 de mão de obra, mais R$ 690,00 de peça a ser trocada. Fui obrigado a desistir do conserto porque não faz sentido pagar R$ 757,00 para consertar uma câmara usada,  de um modelo que  já saiu da linha, sendo que o modelo mais atual e, com mais recursos, custa R$ 699,00.

Ano passado, meu aparelho DVD player apresentou defeito, depois de expirada a garantia e levei numa oficina perto de casa. O técnico disse que cobraria R$ 60,00 pelo conserto, pelo qual daria 3 meses de garantia e, argumentei com ele que o aparelho novo, com garantia de um ano,  estava custando R$ 99,00 num supermercado do bairro. Ele aceitou reduzir o valor para R$ 50,00 e aceitei a oferta para evitar o descartar do aparelho.

Diversos consumidores passam por estas situações que vão de encontro ao R de reduzir resíduo por razões várias. Como pagar pelo conserto de um equipamento o  equivalente a 150% do seu valor de compra e 108% do valor do modelo mais moderno e  com mais recursos? É fácil para o consumidor aceitar pagar metade do valor de compra de um eletrônico novo, com 1 ano de garantia, para ter o conserto do seu usado que terá apenas 3 meses de garantia?  Sabemos que a fabricação em série de um novo aparelho, em linha de montagem, com as economias de escala, fazem com que os custos sejam reduzidos, tornando financeiramente inviável ao consumidor, optar pelo conserto, em vez de optar pela compra de um novo e descarte do usado e quebrado.

 

 

 

No passado, contam nossas mães e avós, que uma geladeira, um televisor, um fogão de boa marca duravam anos a fio, sem apresentar defeito e os defeitos, quando se apresentavam, eram sanados por um técnico, na maioria das vezes por um valor pequeno, exceto quando a máquina já estava no limite da sua vida útil e apresentava um defeito grave, como um televisor que queimava o tubo de imagem.

Atualmente, os produtos tem vida útil muito curta, são quase descartáveis, mesmo aqueles que não deveriam ser. Certamente a indústria justifica que, com o acelerado avanço tecnológico, não vale a pena produzir bens duráveis porque estarão obsoletos em pouco tempo. Alguns consumidores também não podem ver um modelo novo, de celular, de automóvel, computador, que logo querem descartar o seu modelo antigo e adquirir um novo. O aperfeiçoamento dos produtos, a pesquisa e desenvolvimento permitem redução de custos e de preços, fazendo com que, muitas vezes, o modelo novo e com mais recursos, termine custando menos que o modelo de 3 anos atrás.

São diversas as alegações que sustentam essa lógica do consumo constante, do descarte do aparelho quebrado e compra do aparelho novo, principalmente quando consertar o antigo fica mais caro que comprar o novo. Mas, o fato é que essa situação prejudica a sustentabilidade, enfraquece um dos 3 R e compromete o desenvolvimento sustentável. Confesso que não tenho respostas para as perguntas que incomodam, não vislumbro uma pronta solução, mas para a reflexão de nós cidadãos, consumidores, dos fabricantes, dos órgãos do governo e demais interessados na sustentabilidade, deixo aqui essa verdade inconveniente.

 

 

 

 

 

 

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