Histórias de violência no campo, homofobia e tortura. Em 10 fatos e ideias invertidas de “justiça” e “liberdades”, os sinais de que os direitos humanos vão mal no Brasil – e que isso pode piorar.
1. Luz, câmera, ação
No tribunal, o réu ajoelha, pede a benção de todos, chora, arranca lágrimas de juradas e um lencinho do juiz. Poderia ser uma novela mexicana, mas era o julgamento do acusado de mandar matar o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo. Ele foi absolvido.
2. Reintegração de posse… para o invasor
O terena Osiel Gabriel é um herói nacional. Isso para quem se importa com a vida de mais um índio quando nações inteiras já foram exterminadas por invasores, pais e avós dos orgulhosos proprietários das terras “invadidas”…
3. Outra vez os índios invadindo a própria casa
Quando o movimento indígena ocupou o Congresso Nacional, há um mês, alguns deputados fugiram correndo e a imprensa chamou a mobilização de “invasão” (eles adoram esse termo). Mas não era a casa do povo?
4. Falando do Congresso
Na agenda do Congresso, estão projetos como cura gay, heterofobia, estatuto do nascituro e bolsa-estupro. Assim a piada perde a graça.
5. E no Executivo…
Não bastasse a presidenta que brada contra o “Escola Sem Homofobia” e cala diante do “plurifóbico” (para resumir a história) Marco Feliciano, a presidenciável evangélica Marina Silva encampou a tese da cristofobia, criticou os ateus e defendeu plebiscito para decisões de direitos humanos. E esse tema, direitos humanos, está proibido nas agendas dos demais candidatos à presidência em 2014. Dizem que não dá voto.
6. Prendam os gays, soltem os pastores
Amigo do “plurifóbico” supracitado, o também pastor Marcos Pereira foi preso acusado de estuprar menores e uma série de crimes graves, mas faixas durante a Marcha para Jesus pediam sua liberdade, pois estaria sendo vítima da tal da cristofobia…
7. Freud explica?
A cristofobia de Marina, Marco Feliciano e Marcos Pereira é parte de um conjunto de novas e gravíssimas opressões, como a humanofobia, o racismo às avessas, o femismo, a heterofobia, a ditadura gay. O que falta agora?
8. O torturador ofendido
Falta a “tortura às avessas”, como pude esquecer? O pastor Átila Brandão se sentiu ofendido pelas denúncias de tortura em artigo do jornalista Emiliano José e o processou – e a juíza concedeu a liminar exigindo a retirada do artigo com pagamento de multa! Viva a democracia!
9. O torturado agradecido
Amado Batista disse que mereceu ser torturado pela ditadura, que teria sido como “uma mãe que corrige um filho”. É uma pena que os assassinados da ditadura não possam agradecer à mamãe pela correção.
Amado Batista, mulheres contra o feminismo, gays em defesa de Joelma e Cláudia Leitte. Para eles, os movimentos sociais estão exagerando.
PS: Nos comentários, é garantida a liberdade de expressão. Inclusive contra a liberdade de expressão dos outros…