Em novembro de 2009, o Psicólogo Valter DaMata compartilhou no Correio Nagô um vídeo com trechos de uma pesquisa feita com crianças negras. Com apenas sessenta e oito segundos, essas imagens produzidas nos Estados Unidos mostram um diálogo entre um adulto e algumas crianças. DaMata comentou: “Este vídeo revela a perversidade das crenças que são veiculadas em relação a população negra” .
Essas imagens foram bastante comentadas nas redes sociais aqui no Brasil. Ao apresentar duas bonecas (uma negra e outra branca) e questionar quais dessas bonecas são más, feias, bonitas, (etc.) percebe-se quais são idealizadas pelas crianças de forma positiva. Nos debates acerca desse vídeo sugiram questões como autoestima, estereótipos racistas nas TV’s (desenhos animados, novelas, filmes) e livros didáticos (revistas em quadrinhos). Elementos apontados como um dos principais que promovem a autorrejeição da população negra desde a infância.
Um sentimento presente em quase todos os posicionamentos sobre o vídeo aqui compartilhado, e que pode ecoar como um exagero para alguns consiste em considerar que: A criança negra brasileira nasce, vive e cresce num ambiente hostil. Hostil no sentido de ser agressivo, indócil e invasivo com a construção de sua autoestima. Ao desvendar estratégias (ou a omissão) de setores que estão presentes nos primeiros anos da formação do ser humano, como é o caso da mídia, pode-se entender como o “racismo velado” age de forma tão silenciosa, cruel e devastadora com a população negra.
O que parece uma “condição dada” precisa ser combatido e repensado a todo momento. A luta pela visibilidade da população negra na mídia é pauta justa e emergente. Exigir um lugar digno para personagens negros sempre foi pauta das pessoas e organizações que buscam o fim das desigualdades sócio-raciais. Segundo Nelson Mandela:
“ Ninguém nasce odiando outra pessoa
pela cor de sua pele,
ou por sua origem, ou sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar,
pois o amor chega mais naturalmente
ao coração humano do que o seu oposto.
A bondade humana é uma chama que pode ser oculta,
jamais extinta.”