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Abaeté recebe Busto de Mãe Gilda

bustoBusto de Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda, será inaugurado nesta sexta-feira (28), às 9h, na Lagoa do Abaeté, na cidade de Salvador. O monumento ficará exposto na entrada do bairro e pretende ser um ponto de referência para os terreiros de candomblé.

A homenageada era ativista do projeto de combate à intolerância religiosa. Segundo a mãe Jaciara de Oxum, o dia será muito importante para o povo de santo. “Será um momento de emoção, de reparação para todas as mulheres negras de candomblé. É hora de relembrar a história e tornar o Busto de Mãe Gilda uma referência para os terreiros da comunidade de Itapuã e de toda Bahia”, comenta a filha de Gildásia dos Santos.

O historiador Marcos Rezende afirma que, dentro da programação do novembro negro, esta celebração é a mais importante para os religiosos de matrizes africanas. “Esse evento reafirma para quem luta que, apesar das respostas serem lentas, elas acontecem. Conseguimos, depois de tantas perseguições históricas ao direito de culto, ter um ponto referencial da cidade com uma religiosa de candomblé representada. Esse é um fato que fortalece o combate à violência contra a mulher, porque, além de religiosa, Mãe Gilda era uma mulher negra, pobre, de periferia, que sofreu um aviltamento, como milhares de mulheres no Brasil”, diz o pesquisador.

Ao som do grupo As Ganhadeiras de Itapuã, do bloco Cortejo Afro e as bandas Toti Gira, Banjolada, Bicho de Cana e Opanijé, o fechamento da comemoração será feito com muita música.

 

Intolerância Religiosa

Mãe Gilda faleceu no ano 2000 depois de ter sido vítima da intolerância religiosa realizada pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). O jornal Folha Universal estampou na capa uma foto da yalorixá com uma tarja preta sobre o seu rosto e o seguinte título: “Macumbeiros e charlatões lesam a vida e bolso de clientes”. Após o acontecido, a família da sacerdotisa do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum entrou com o processo judicial contra a igreja e venceu a causa.

Em homenagem à ialorixá, em 2007, foi sancionada a lei 11.365, que consagra o 21 de janeiro como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

Para o diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Cultural Palmares, Alexandro Reis, é necessário que sejam divulgadas informações sobre a intolerância religiosa para que medidas possam ser tomadas. “A intolerância religiosa é um atentado à democracia e fere gravemente a pluralidade que marca a civilização nacional”, afirma o gestor em texto divulgado pela Fundação.

Veja mais:

Mapa de Casos de Intolerância Religiosa no Brasil

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