Por Marcelo Nascimento
Campanha iniciada em 1991, pela Organização das Nações Unidas (ONU), busca mobilizar populações do mundo inteiro para discutir questões relacionadas à violência contra as mulheres por meio de uma campanha anual global.
São os 16 dias de ativismo, com início em 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, e término no dia 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos.
No Brasil, a campanha ganhou mais cinco dias de duração, para alertar sobre a maior incidência de violência contra as mulheres, principalmente contra as mulheres negras. Em dez anos, os assassinatos de brasileiras pretas e pardas cresceram 54%, de acordo com Mapa da Violência de 2015.
Na capital e no interior da Bahia foram feitas diversas atividades voltadas para os #21 dias incluindo manifestações, debates, ocupações e exposições.
Uma das organizações envolvidas nas ações de mobilização é o Coletivo de Entidades Negras (CEN), em parceria com o Instituto Avon e a Prefeitura de Salvador. Para a coordenadora do CEN Iraildes Andrade, o encerramento das atividades não significa que a luta contra o machismo acabou, pois existe ainda muito assunto para ser debatido e várias práticas a serem desconstruídas.
“É de fundamental importância para nós, mulheres, sentirmos segurança para fazer denúncias contra a violência e, sobretudo, nós começarmos a visibilizar os atentados sofridos pelas mulheres”, pontua.
Iraildes Andrade enfatiza o caráter histórico que esse tema possui. “Durante os séculos 15 e 16 nós éramos queimadas. As mulheres eram mortas com a justificativa de serem feiticeiras, nós nunca tivemos a quem reclamar ou a quem dizer sobre a violência que sofremos” finaliza.
O Odara Instituto da Mulher Negra também está participando da campanha. Desde 25 de novembro está realizando todas às sexta-feiras, o programa Ao Vivo com as Pretas, uma iniciativa da Agência de Negras Jovens Comunicadoras – Yalodês, idealizada pelo programa de comunicação do Odara – Instituto da Mulher Negra, em parceria com a Revista Afirmativa e o Coletivo de Cinema Negro Tela Preta. Na pauta das discussões estão temas como feminicídio, racismo, dentre outros. O live ocorre na pagina do Odara no Facebook.
Para falar sobre situação de abandono afetivo e o recorrente quadro de baixa autoestima de mulheres em situação de cárcere, foi realizado Dia de Cuidado, no Presídio Feminino, em Salvador. Na oportunidade, ocorreu roda de conversa sobre violência de gênero, e depois o debate sobre o tema continuou na sede da Ordem dos Advogados da Bahia com a presença de 25 mulheres que cumprem pena alternativa.
Monumentos históricos da capital baiana foram iluminados com luz de cor laranja, em solidariedade à luta pelo enfrentamento a todas as formas de violência sofridas pelas mulheres.
No sábado (10) haverá a ocupação da Estação da Lapa, com ações educativas.