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Novo presidente da Fundação Palmares quer efetivar políticas públicas de Cultura

Após as críticas à formação do ministério (sem negros e sem mulheres), aos poucos, o governo interino de Michel Temer tem convocado pessoas negras a integrarem a equipe. Ao menos é o que se vê para os órgãos que tem como missão promover políticas públicas para a população negra. O Diário Oficial da União desta segunda-feira, 13/06, confirmou a desembargadora aposentada Luislinda Valois para a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), agora vinculada ao Ministério da Justiça e Cidadania. Luislinda, que em 1984 foi a primeira mulher negra a se tornar juíza no Brasil, também foi a primeira negra a integrar a gestão Temer.

Já para a Fundação Cultural Palmares, órgão vinculado ao Ministério da Cultura, o escolhido foi o economista e administrador Erivaldo Oliveira da Silva. Mestre em Economia do Setor Público e Administração Pública e especialista em Planejamento Estratégico e Marketing, Erivaldo Oliveira, 54 anos, é consultor na área pública e professor em Salvador.

O novo presidente da Palmares falou, hoje, com exclusividade para o portal Correio Nagô e destacou suas expectativas para a missão. “As políticas públicas precisam funcionar de forma efetiva. Temos ouvido muito discurso e pouca ação. As políticas da Seppir precisam chegar às pontas”, afirmou. O baiano da cidade de Santo Amaro da Purificação disse que levará para o governo federal sua experiência na militância negra e na consultoria a diversos municípios na elaboração de políticas de Educação e Cultura. “Fomos responsáveis por importantes projetos já implantados como o Educar para Transformar, do Governo da Bahia, e outros já prontos como o Raízes da Cultura, Festival Intercolegial de Música, Afro Bahia entre outros que visam estimular a capacidade dos jovens negros das periferias”.

Erivaldo informa que não é filiado a nenhum partido e que o convite partiu do próprio ministro da Cultura, Marcelo Calero, que quando secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro conheceu a trajetória do novo presidente da Palmares. “Conversei muito com o ministro e ele quer uma maior dotação orçamentária para a Fundação e me deu garantias que irá brigar por isso”. Entre as ações prioritárias está o Museu Afro e a sede da Palmares, que já teriam locais doados pelo governo do Distrito Federal, “vamos desengavetar esse projeto”, promete.

Em novembro de 2015, Erivaldo Oliveira foi um dos palestrantes do IV Fórum Nacional de Performance Negra, realizado no Teatro Vila Velha, em Salvador, reunindo grupos de teatro e dança de todo país, além de gestores culturais, ativistas e pesquisadores. Na oportunidade, Erivaldo se comprometeu a colaborar com a campanha Cultura Sem Racismo, uma das bandeiras do Fórum de Performance Negra. “Vamos retomar esse diálogo. Quero conversar com todos. Fui militante toda a minha vida e não quero isolamento, quero ouvir a todos e efetivar as políticas”.

Sobre a possível resistência dos artistas e produtores culturais negros que têm se colocado contrários ao governo interino de Michel Temer, Erivaldo manda um aviso: “Precisamos de políticas públicas de Estado, que não dependem deste ou daquele governo. Muitos ainda não me conhecem mas terão oportunidade de conhecer meu pensamento sobre cultura, gestão e a questão étnica e como estou disposto a contribuir. Não podemos eliminar os avanços que aconteceram, mas precisamos de um salto de qualidade”, destaca.

Questionado acerca da interinidade do governo Temer, que pode acabar ainda em agosto, a depender da decisão do Senado Federal sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma, Erivaldo Oliveira Silva foi taxativo: “Vou assumir como se fosse até 2018. A intenção é dar continuidade. Meu papel é de gestor. As decisões políticas não cabem a mim e, sim, ao Congresso”.

Outros Negros – Na equipe do ministro Marcelo Calero há, pelo menos, mais dois negros. O secretário de Articulação Institucional do MinC, Bruno Santos de Oliveira, que é diplomata de carreira do Itamaraty. Formado em Direito e em Relações Internacionais, atuou em missão do Brasil junto à Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, e também na chefia do setor político da Embaixada brasileira em Budapeste, na Hungria.

E a nova presidenta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é a historiadora maranhense Kátia Bogéa. Servidora de carreira Kátia atuou por mais de 30 anos na Superintendência do IPHAN no Maranhão. Formada pela Universidade Federal do Maranhão, é especialista em historiografia nacional e regional.

Com  posse de Erivaldo Oliveira Silva, a Fundação Cultural Palmares volta a ser presidida por um baiano, assim como nas gestões de Ubiratan Castro de Araújo (2013-2007), Zulú Araújo (2007-2010) e Hilton Cobra, o Cobrinha (2013-2014). A atual gestora da Palmares era Cida Abreu, do Rio de Janeiro, que foi Secretária Nacional de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores.

Da Redação do Correio Nagô

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