Com o tema “Xirê dos Saberes: (Re) Conhecer, Existir”, o 3º Fórum Negro de Artes e Cultura (FNAC) acontecerá no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Milton Santos (IHAC), da Universidade Federal da Bahia, em Ondina, entre os dias 18 e 22 de março. O evento busca explorar a multiplicidade de saberes afro referenciados, a partir das artes em uma perspectiva filosófica e de outras linguagens.
A festa dos orixás do candomblé chama-se “xirê”, e é o tomando como referência, que a terceira edição do FNAC estará fundamentada. Homenageando aos 75 anos do Teatro Experimental do Negro, de Abdias do Nascimento, o evento terá apresentação do performer de Milsoul Santos, do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro Brasileiros (IPEAFRO), do Rio de Janeiro, no dia 22/03.
No dia 19/03, às 10h, o filósofo Renato Nogueira discutirá o tema Afroperspectividade, que busca formular conceitos recorrendo às tradições africana e afro-brasileiras. O artista plástico Emanuel Araújo, diretor do Museu AfroBrasil (SP), a antropóloga Ana Lúcia Lopes e o psicólogo Márcio Farias participarão da mesa de abertura, dia 18.
Ao longo dos cinco dias de evento, o público terá acesso a oficinas, conferências, ciclo de leituras dramáticas, painéis de artes, cinema negro e lançamento de livro. Para participar do evento é preciso se inscrever pelo site www.even3.com.br/FNAC. O credenciamento presencial ocorrerá no dia 18 de março, das 8h às 16h, no Foyer do Teatro Martim Gonçalves mediante a doação de 1kg de alimento.
Produções negras
A montagem “Peles Negras, Máscaras Brancas”, abre as apresentações no palco do Teatro Martim Gonçalves, no Canela, no dia 18, às 19h. O espetáculo dirigido por Onisajé (Fernanda Júlia) marca a história da Escola de Teatro da UFBA (ETUFBA), tendo a encenadora como a primeira mulher negra a dirigir um espetáculo da Cia de Teatro da UFBA. Com texto de Aldri Anunciação, a peça versa sobre a história do psicanalista da Martinica Franz Fanon em relação à contemporaneidade. Saiba mais sobre a montagem de Pele Negra, Máscaras Brancas.
O espetáculo de dança “Ziriguidum – Ideias Abertas para Tocar e Dança” acontecerá no dia 19, às 19h. Com direção coreográfica de Denny Neves, Bel Souza e Marilza Oliveira, em parceira com dançarinos, o espetáculo enaltece a cultura popular. Baseado na dança afro e em ritmos como frevo, maracatu, pagode e axé, além de músicas de massa que movimentam os corpos.
O Coletivo AFRO(en)CENA, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) também fará sua apresentação no Teatro Martim Gonçalves, no dia 21, às 19h. Entre Áfricas, dores, ancestralidade, história e resistência, o espetáculo “Travessias…Ciclos Transatlântico” é uma tentativa de compreender quem são as pessoas afrodiásporicas no Brasil.
Nos dias 21 e 22, o espetáculo “Afronte/Akolubee”, com direção de Thiago Romero e dramaturgia de Daniel Arcades, leva o público à Casa Rosada, aos Barris, às 19h. Na montagem, Thiago apresenta dois circuitos que se fundem para fundamentar uma ancestralidade de ‘bichas pretas’. A programação de espetáculos finaliza no dia 22, com a performance “Taxionomia” do ator e bailarino porto-riqueinho Javier Cadorna Otero.
Resultado de luta
O FNAC é resultado do engajamento de estudantes e professores da ETUFBA diante dos enfrentamentos ao racismo institucional e o recalcamento dos conhecimentos afro-referenciados. O Fórum tem o apoio do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC), da Pro-Reitoria de Ações Estudantis, da Pro-Reitoria da UFBA e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB). Essa terceira edição tem a coordenação de Alexandra Dumas, Licko Turle e Stênio Soares.
Referências baianas como Antônio Olavo, Jaime Sodré, Lindinalva Barbosa (CEAO, Pós-Afro), Iraildes Nascimento, diretora da Escola Ilê Axé Opo Afonja; e artísticas, como Gabi Guedes e Nara Couto marcam presença na programação. Do continente africano, nesta terceira edição, o FNAC terá a presença de Emo Medeiros, artista e performer de Benin, e, Neo Muyanga, compositor e músico da África do Sul.