Salvador registrou mais uma denúncia de intolerância religiosa, desta vez contra um motorista de táxi que teria se recusado a levar no carro um casal que saía de um terreiro de candomblé. O caso aconteceu com Ednaldo Alcântara, ogã do Terreiro do Cobre, no Engenho Velho da Federação. Na madrugada do dia 21 de janeiro, por volta de 1h20 da madrugada, ele e sua esposa deixavam a casa religiosa quando solicitaram por telefone um serviço para a cooperativa Chame Táxi.
Ao chegar ao local, segundo ele conta, o veículo passou três vezes pelo casal, que teria feito sinal para que o motorista parasse. “Ele olhou para mim, viu que eu fazia sinal e passou direto várias vezes”, contou. Depois de mais de 40 minutos de espera e de três telefonemas à empresa, a atendente teria afirmado que o motorista não aceitou a corrida por se tratar de “uma casa de candomblé”.
“Eu disse que estava na frente do terreiro e a atendente me respondeu que foi por isso que ele recusou a corrida”, afirmou Alcântara. Em contato com a empresa, Ednaldo conseguiu os dados do motorista e prestou uma queixa por intolerância religiosa. O caso está sendo investigado na 7ª Delegacia Territorial.
Cadastro – O motorista do táxi, André Gonzaga Filho, afirmou que não avistou o casal e negou ter agido por motivações preconceituosas. Entretanto, revelou que a Chame Táxi possui um cadastro com tipos de clientes que alguns taxistas podem se recusar a atender, como banhistas ou pessoas que saem de bares.
Gonzaga, que é católico, explica que no seu cadastro junto à cooperativa está definido que não aceita corridas com adeptos do candomblé. Segundo ele, este tipo de conduta é recorrente entre os motoristas da empresa. “Não sou só eu. Vários outros motoristas também fazem isso. Não é preconceito, eu apenas não gosto”, disse.
Questionado, o presidente da cooperativa, Luís Henrique Figueiredo, confirmou a existência do cadastro. “A gente não obriga ninguém a nada”, disse.
Segundo ele, Gonzaga foi chamado à direção para explicar o caso e teria afirmado não ter visto o casal no ponto informado por Ednaldo. Ainda assim, o motorista