Mais de duas semanas e o desaparecimento do jovem Davi Fiuza, de 16 anos, continua sendo uma incógnita. Apesar do silêncio do Governo do Estado da Bahia, que por meio dos órgãos da Segurança apenas informa que “o caso está sendo investigado”, a mobilização tem ganhado força com a adesão de instituições e movimentos sociais. A Faculdade de Comunicação da Ufba, onde estuda uma das irmãs de Davi, emitiu nota lamentando o ocorrido e exigindo a apuração dos fatos pelos órgãos competentes e a aparição do jovem com vida. Na nota, a Facom informa que “em conjunto com a gestão Baobá do Centro Acadêmico Vladimir Herzog, estamos organizando ações para colaborar com as buscas. Também estamos em contato com outras instâncias de nossa Universidade para solicitar ajuda no processo de investigação desse caso”.
Em reunião, que aconteceu nesta terça-feira, 11/11, na Universidade do Estado da Bahia- Uneb, no Cabula, se discutiu o rumo das investigações com entidades do movimento social, como a Campanha Reaja ou será Mort@ e o Quilombo Xis. A representante da Justiça Global, organização não governamental de Direitos Humanos, Sandra Carvalho, disse que o caso será levado para a Organização das Nações Unidas- ONU. “Um fato como este, que envolve este tipo de violência, se enquadra na Proteção Internacional de Direitos Humanos”, comenta Sandra Carvalho.
A subcoordenadora da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Trícia Calmon, disse ao Correio Nagô que a secretaria está monitorando e vai buscar uma resposta sobre a situação junto aos diversos órgãos já acionados, como a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e a Secretaria de Cidadania, Justiça e Direitos Humanos.
O Caso – Segundo a família, no dia 24 de outubro, o jovem Davi Fiúza estava conversando com uma vizinha no mesmo momento em que acontecia uma ronda da Polícia Militar, na Estrada Velha do Aeroporto, onde mora uma das irmãs de Davi. Os policiais teriam abordado o jovem com violência, na presença de uma vizinha, que já prestou depoimento à polícia. “Eles, os encapuzados, arrastaram meu irmão, levantaram a camisa azul que ele estava vestido e cobriram o rosto dele”, narrou a irmã de Davi, Camila Fiúza, que é estudante de jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom- UFBA). Desesperada, a família desde então faz buscas diárias em hospitais, delegacias e no Instituto Médico Legal.
Em uma comunidade no facebook intitulada “Cadê Davi Fiúza?”, amigos e familiares declaram sua indignação com o ocorrido e exigem respostas do Governo do Estado da Bahia. Em uma das postagens, Dona Rute, a mãe de Davi que encontra-se sob efeito de medicamentos, pois não consegue mais suportar o desaparecimento do seu filho, afirma: “Tenho esperança de encontrar meu filho vivo. Fico até as 3h [madrugada] sentada ali [na laje da casa], enrolada no lençol, esperando ele voltar. Quando passa um carro diferente, acho que vão deixar ele”, Rute Fiúza (46), mãe de Davi Fiúza. A família aceitou entrar no Serviço Nacional de Proteção à Vítima dos Direitos Humanos.
Polícia que mata – Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e integra o 8º Anuário de Segurança Pública traz dado que revelam: A Polícia brasileira matou, entre os anos de 2009 e 2013, média de seis pessoas por dia no Brasil. Em cinco anos, foram ao menos 11.197 mortes provocadas – número maior do que a polícia americana matou em 30 anos – 11.090. De acordo com o estudo, a polícia do Rio de Janeiro voltou a ser a que mais matou no país. Em seguida, aparecem São Paulo e Bahia.