Por Donminique Azevedo
Ontem (11), o mundo não soube do desabamento do teto de uma igreja na Nigéria que deixou 160 mortos.
Se viu, não chorou. Se choro houve, pouco ou quase nada se noticiou. Se noticiou, engajamento não gerou.
Não teve avatar em perfis de redes sociais pedindo #PrayForNigéria. Luto não teve. Ninguém é Nigéria.
Quando a tragédia envolve pretos é sempre assim. Falta interesse, comoção pública, afinal, até mesmo a humanidade é seletiva.
160 pessoas morreram vítimas de uma série de irresponsabilidades. A Igreja Reigners Bible Internacional, na cidade de Uyo, estava em construção e a inauguração estava prevista para a próxima semana.
No entanto, reuniu centenas de fiéis cristãos evangélicos em um evento religioso para consagrar o bispo Akan Weeks. A igreja estava lotada.
Mas por que tanto silêncio diante de um fato trágico como esse?
Será que o ato de externar solidariedade tem cor?
Há quem se queixe dizendo que a culpa é do caráter seletivo do jornalismo, que, quando quer, faz cobertura exaustiva e conclama a população ao clamor.
Há quem diga também que é tanta notícia pesada que não tem como engajar-se em tantas “causas”.
Enquanto isso as causas do acidente na Nigéria são investigadas e esquecidas.
Impera a banalização, de maneira globalizada, das tragédias negras.
Contracorrente, seguimos no enfrentamento das fronteiras para a comoção e, principalmente, para a preservação da vida.