6 de fevereiro
Chacina de 12 jovens negros
Dentre a mídia o descaso
Nas famílias o desespero
Os prantos por aqueles que não voltam
Aqueles que não chegam
Não jantam
Eles não comem
Ficam vivos nas memórias
Aparecem nelas todos os dias
Enquanto tornam-se nada mais que ossos
Na solidão
De cada um dos doze caixões
Mortos
Um dia também seremos corpos
Mas até quando por sórdidos?
Que exterminam e são absorvidos
Executam e são aplaudidos
Mortos
Não por velhice ou desgosto
Mas diariamente por armas de fogo.
Quantos corpos negros tombam agora?
Não cabelos armados, trançados e coloridos
Mas, corpos tombam
Nas calçadas de Favelas
As senzalas modernas
Eu não estou bem.
Nem poderia estar.
Não estou sumida
Estou sofrendo
Estou de Luto.
Joyce Melo é poetiza, repórter do Correio Nagô e estudante de Jornalismo.