O solo “Entre Linhas” se apresenta nos dias 23, 24, 30 e 31 de março e 06 e 07 de abril, às 20h, no Espaço Cultural Cronópios (Rua Direta do Santo Antônio). Ingressos custam R$20 (inteira) e R$35 (casadinha).

O evento começa antes mesmo do espetáculo, às 19h haverá um bar, onde vai rolar uma intervenção. Às 20h, o espetáculo, e, logo depois, um bate-papo. 

A temática central são as diversas expressões da violência contra a mulher, através de um diálogo tridimensional entre espaço (interno e externo), tempo (passado e presente) e ideologia (machismo e feminismo).

Sua construção cênica sincroniza corpo, movimento e sons, expõe a violência de ordem psicológica, emocional e sexual e denuncia o processo cultural de silenciamento do discurso feminino.

“O solo ‘Entre Linhas’ está cada vez tendo uma relevância maior, pelo momento que estamos vivendo, de conquistas das mulheres, das reivindicações, a força, a gente agora está tomando corpo e formas”, diz a coreógrafa Jack Elesbão.

O espetáculo apresenta detalhes e referências históricas (a máscara de flandres – usada pela lendária escrava Anastácia nas sessões de tortura pelo seu senhor, o sutiã – utensílio simbólico da liberdade feminina na década de 60 – e o salto alto, símbolo de poder e independência da mulher na contemporaneidade, são alguns exemplos).

Jack revelou que cada vez que dança esse solo se sente com uma missão maior, e explica: “eu tenho que ser muito cuidadosa com essa fala e com a forma como é colocada através de uma dança, até porque tem uma importância individual muito forte, porque parte de um questionamento individual que dialoga com as angústias e questionamentos coletivos”.

Jack Elesbão mergulha com crueza nas feridas e cicatrizes desse sistema opressor naturalizado, que mutila milhões de mulheres no Brasil e no mundo, e inverte os papéis de vítima e algoz.

 

Joyce Melo é repórter do Correio Nagô