01/02/2018 | às 17h52
Na madrugada do último domingo (28), uma estudante do curso de Direito da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Juazeiro, sofreu uma abordagem violenta da Polícia Militar no circuito do Carnaval. Segundo o depoimento da estudante, os policiais usaram cassetetes e a agrediram com um soco no rosto e estômago por ela ter questionado a abordagem violenta sofrida por um grupo de amigos. De acordo com a aluna, o alvo principal dos policiais foram as pessoas negras deste grupo.
A Direção do Departamento de Ciências Humanas da UNEB denunciou publicamente a abordagem a partir de uma nota de repúdio.
“Tudo isso porque [a estudante] questionou a forma violenta da abordagem sofrida por um grupo de amigos. Ainda enfatizou que os alvos foram as pessoas negras do grupo. Uma mulher jovem, estudante brutalmente agredida pelas forças do Estado”, diz nota da Universidade.
A Ordem dos Advogados do Brasil de Petrolina divulgou nota também lamentando o caso. “Na ocasião, a jovem, que cursa a faculdade de Direito da Universidade do Estado da Bahia, curtia os festejos carnavalescos com amigos quando foi abordada por dois integrantes da Polícia Militar, que iniciaram uma série de agressões físicas. Uma violência descabida contra uma cidadã que se comportava de forma pacífica. A truculência demonstrada pelos policiais neste caso e em vários outros atestados por vídeos que circulam pelas redes sociais e veículos de imprensa, mostram o despreparo de certos policiais para atuarem em eventos dessa magnitude. A OAB Petrolina considera inaceitável a agressão perpetrada, presta a sua solidariedade à jovem estudante e seus familiares, e pugna pela apuração rigorosa dos fatos e pela punição dos responsáveis”, diz a nota da OAB.
EXCESSOS
Em 2017 foi elaborado um documento enviado a todas as forças policiais, judiciais e universidades de Juazeiro, pedindo a revisão desses tipos de procedimentos e se colocando à disposição para debates. O documento foi resultado de uma audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa da Bahia e pelo Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro.
“Em 05 de maio de 2017 a UNEB sediou uma audiência pública, promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa da Bahia e pelo Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Juazeiro ( Compir) sobre abordagem policial, a qual ouviu vários depoimentos referentes a abordagens violentas. O resultado foi a elaboração de um documento encaminhado a todas as forças policiais, judiciais e universidades do município solicitando revisão desses procedimentos e colocando a UNEB a disposição para formações e debates. Sugeria ainda um pacto de conduta de todos os entes supracitados. Infelizmente nenhuma resposta foi enviada aos promotores do evento”, revela nota da UNEB”, afirma nota da UNEB.
Ashley Malia é repórter do Correio Nagô
Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo