23/02/2018 | às 18h53
Todo final de semana, ela jogava ping-pong de mesa no clube em que frequentava com a família. Aos 15 anos, tornou-se a primeira negra campeã brasileira de tênis de mesa. Começava ali o início de uma história marcada por desafios, derrotas, vitórias, ativismo social e de muita representatividade. Maira Ranzeiro é bicampeã latino-americana, atual campeã brasileira, primeira do ranking e melhor do ano de 2017. O Portal Correio Nagô fez literalmente um ping-pong com a atleta que, aos 30 anos, decidiu colocar em um livro infantil suas “escrevivências”.
CORREIO NAGÔ – Você é a primeira negra campeã brasileira de tênis de mesa, como avalia esta conquista?
MAIRA RANZEIRO – Comecei a jogar aos 11 anos. Com 15 anos, eu me tornei a primeira negra campeã brasileira de tênis de mesa. Hoje, 15 anos depois eu sou a atual campeã brasileira, primeira do ranking. Aos 30 anos, com uma outra cabeça, eu consigo perceber a importância dessa conquista, como é importante o lance da representatividade. Aos 15 anos eu não conseguia ter tanta noção. Hoje eu consigo entender mais a importância dessas conquistas enquanto mulher negra.
CORREIO NAGÔ – Quais são as suas principais fontes de inspiração?
MAIRA RANZEIRO – As minhas principais fontes de inspiração no esporte são as Irmãs Williams (dupla de ténis formada pelas irmãs estadunidenses Serena Williams e Venus Williams), na Daiane dos Santos. Sem ser no esporte, me inspiro em Dona Ivone Lara, Jovelina, Clementina, Carolina Maria de de Jesus, minha mãe, minhas avós, todas essas mulheres que abriram caminhos para gente pode estar aqui. Me inspiro nessa ancestralidade feminina negra
CORREIO NAGÔ – De onde veio a ideia do livro e qual seu principal objetivo com a publicação?
MAIRA RANZEIRO – Eu fiz Letras. A ideia do livro veio porque eu entendi que precisava formatar essas conquistas para que a história se mantivesse e multiplicasse para chegar ao maior número de pessoas possíveis. Meu principal objetivo com a publicação desse livro é mostrar para as crianças, principalmente as crianças negras, para as meninas negras, que elas podem tudo. É popularizar o esporte, é abrir caminho, é mostrar os benefícios do esporte. No livro, eu também coloco a importância do apoio da família. Como é um livro baseado em uma história real – a minha história – é protagonizado por uma menina negra, a Mairinha. Umas grandes intenções do livro é ser um agente de transformação, motivação e inspiração, através da história da Mirinha.
CORREIO NAGÔ – Ser atleta é tarefa difícil para a maioria dos esportistas no que diz respeito a apoio financeiro. Como tem sido para você?
MAIRA RANZEIRO – A questão financeira é desafiadora no esporte porque precisa realmente de muito mais apoio. Sou atleta, sempre dei aula, sou musicista/percussionista e terminei de escrever o livro infantil [RISO] É isso, né, além de atleta faço outras coisas.
O livro Maira, a alegre campeã pode ser adquirido por meio da página pessoal da atleta: http://mairaranzeiro.com.br/produto/livro-maira-a-alegre-campea/
Donminique Azevedo é repórter e editora do Portal Correio Nagô.