26/07/2018 | às 18h20
Dofono Hunxi George Silva Martins é da casa Hunkpame Savalu Vodun Zo Xwe, de origem Jeje e, com a orientação da advogada, entrou com uma ação na Vara da Família do Tribunal de Justiça da Bahia, para retificar o nome de registro na certidão de nascimento. Após muitas situações constrangedoras nas quais pessoas duvidavam do nome e diziam que não era de verdade, decidiu recorrer à mudança.
Ele contou, com exclusividade para o Correio Nagô, que nunca se identificou com o nome de nascimento (George Silva Martins), de origem norte americana e escolhido pelo pai.
“Eu não tive contato com o meu genitor, ele só fez me reproduzir e registrar, por isso criei uma resistência muito grande. E por ter me iniciado muito novo, eu sempre dava meu nome como Dofono Hunxi”, explica o sacerdote.
A entrega da certidão foi feita no dia 17 de julho de 2018, no Cartório de Registro Civil em Salvador.
“Foi a realização de um sonho porque eu sempre fui chamado pelo meu nome e sempre impus isso, mas tem lugares que precisamos ser formal e a partir de hoje todas essas situações acabam. E eu espero ser o primeiro de vários”, declara.
A conquista é significativa para toda comunidade religiosa, pela ancestralidade e reafirmação dos nomes de origem africana, que foram se perdendo com o processo de escravização. O sacerdote explicou que o reconhecimento do seu nome de forma civil se trata do resgate de direitos negados ao povo de santo e completa,
“Uma das missões dos terreiros de candomblé é renomear a gente, trazer esses nomes ancestrais que foram perdidos.”
Beatriz Almeida é repórter-estagiária do Portal Correio Nagô.
Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo