27/09/2018 | às 14h08
O Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape, na ultima segunda-feira (24), protocolou ação no Ministério Público do estada Bahia, na qual são relatados abusos do prefeito da cidade de Cachoeira -BA, Tato Pereira (PSDB), ao impedir o uso da Creche Escola João de Matos para realização de curso sobre direitos humanos, alegando que a atividade era de cunho partidário.
“Ele vai ter que provar que era para fazer política partidária. Eu não faço dentro da sede da Associação. Nunca que eu iria fazer dentro de uma escola pública. Não é do meu perfil. Eu tenho uma postura muito correta de separar uma coisa de outra. Inclusive ele me acusa de utilizar o carro do governo para fazer política partidária. Quando a gente estava fazendo protesto em decorrência da ação dele em Cachoeira, ali não era politica partidária, eu estava com os cursistas, inclusive até os professores que são iriam ministrar aula, ali eu posso usar porque eu estava a serviço da Associação. O carro foi doado esse ano, foi da secretaria da EBDA que foi fechada. O governo botou no edital e a gente ganhou esse edital também com um projeto. Está em nome da SDR e está escrito que está em processo jurídico de doação para uma associação. É tanto que a plotagem não é nem dessa gestão. Foi da gestão passada. Estava no parque do Derba e foi doado para a gente”, explica ao Correio Nagô, Maria das Graças, Maria de Totó, líder da Associação de Mulheres do Quilombo do Tabuleiro da Vitória – AMQTVA
Ainda de acordo com Maria de Totó, o curso integra o projeto “Oficinas de Formação de Agentes Quilombolas de Direitos: Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, Promoção de Direitos Humanos e Cidadania na Micrroregião do Tabuleiro da Vitória”, realizado pela Associação de Mulheres do Quilombo do Tabuleiro da Vitória – AMQTVA e aprovado em edital do Governo da Bahia. A formação é voltada para quarenta quilombolas de nove comunidades da região, que foram selecionados em processo público.
Este Portal entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Cachoeira que enviou uma nota (publicada abaixo na íntegra). Além disso, a Assessoria de Comunicação indicou como fonte a secretária de educação do município de Cachoeira Ana Luiza Marques, que foi contactada por telefone e ficou de retornar por e-mail com um posicionamento oficial acerca do caso. Até o momento do fechamento desta matéria, este Portal não recebeu o referente posicionamento.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Venho a público esclarecer que em momento nenhum foi recusado o acesso e o uso de prédios públicos do município para atividades com fins educativos ou formativos. A utilização da Escola Creche João de Matos, do Tabuleiro da Vitória, foi negada à senhora Maria de Totó pelo motivo dela pretender realizar atividades de cunho político-partidário no espaço.
Medidas judiciais estão sendo tomadas contra as acusações desta senhora que desrespeita um governo que valoriza, incentiva, fomenta e impulsiona a população quilombola, lutando contra o racismo e todas as formas de discriminação.
Nossa gestão foi a que mais promoveu a igualdade racial no município, com projetos, ações e, principalmente, respeito à luta do povo negro. Exemplo disso, foi a criação da Secretaria de Promoção à Igualdade Racial no ano passado, que é conduzida por uma mulher negra e quilombola. Inclusive, dentre todas as gestões que passaram, esta é a que possui mais mulheres e negros à frente das Secretarias municipais. Isso demonstra a valorização à igualdade racial e de gênero, além do reconhecimento da luta por espaços e lugar de fala numa sociedade que historicamente oprime e explora negros e mulheres.
TATO
Prefeito de Cachoeira
Da Redação do Portal Correio Nagô.