Por Anderson Shon para a Coluna “Black Nerd”
A hegemonia de filmes de super-herói no cinema é um episódio que já dura mais ou menos uns dez anos. Após a consolidação desse formato com o primeiro filme dos Vingadores, outras empresas correram para conseguir seu lugar ao sol e emplacar o próximo queixo quadrado, com capa e superpoderes.
Mas tudo sempre tem um início e os super-heróis não foram parar no cinema depois da primeira, segunda ou terceira tentativa. Foi necessário que um deles emplacasse uma grande bilheteria, criasse algum hype e ansiedade entre os fãs, para que os produtores começassem a acreditar nesse tipo de filme. O nome deste “super-herói” é Blade, o caçador de vampiros.
O filme conta a história do vampiro anti-herói (por isso as aspas anteriores) que caça uma conspiração de sugadores de sangue com planos ambiciosos e maléficos. Blade é meio vampiro e meio humano, por isso pode andar à luz do sol, dando-lhe vantagem em cima de outros seres do sobrenatural.
O longa custou 45 milhões e faturou cerca de 131 milhões, rendendo duas continuações: Blade II superou-se, sendo melhor que o antecessor, mas o terceiro e último filme da franquia não agradou ao público e nem a crítica.
A questão é que Blade conseguiu ser o primeiro grande filme de quadrinho a emplacar um enorme sucesso, isso se deu muito por ele ser um filme que funcionava para quem o conhecia como coadjuvante das histórias do Homem-Aranha e também para quem nunca tinha ouvido falar do personagem. Diferente dos antigos filmes de super-herói que focavam muito em agradar quem já tinha alguma familiaridade com a história contada.
Esse modelo foi replicado nos dois filmes sequentes (filmes esses que são reconhecidos como o início dos super-heróis no cinema, mas não…): o próprio filme do Homem-Aranha e o filme do X-Men. Os dois “roubaram” estratégias do Blade. O fato de trazer um grande ator para alavancar o marketing e a mídia especializada; no caso de Blade, Wesley Snipes, o filme do teioso teve como antagonista ninguém mais, ninguém menos, que Willem Defoe e o grupo dos mutantes foi liderado por Patrick Stewart, famoso por Star Trek, e Ian Mckellen, o Gandalf. Além dos X-men terem um visual bem parecido com a roupa do Blade, diferente dos quadrinhos originais dos mutantes, o Homem-Aranha teve mudanças na origem do personagem para torná-lo mais palpável para o grande público, assim como o caçador de vampiros.
Antes de Blade, adaptações como Fantasma, Spawn e Quarteto Fantástico haviam sido um fracasso de crítica e público e os filmes do Batman, que tinham começado bem, já enfrentavam sua derrocada. A realidade é que se hoje temos um Vingadores Ultimato é por que antes tivemos um Blade, um super-herói (agora sem as aspas mesmo) negro que pouco se dá crédito na hora de se lembrar de quando tudo isso começou.
Ao estalar os dedos, Thanos levou metade do universo. Espero que ele não tenha levado a gratidão e o mérito de quem começou toda essa revolução heroica na Sétima Arte.
Obrigado, mano Blade.
#WakandaForever.
Apaixonado por poesia e pela cultura geek, Anderson Shon (Anderson Mariano de Santana Santos) é escritor, poeta e professor, com graduação em Comunicação Social. Autor do livro Um Poeta Crônico(2013), divulga seus escritos por meio de um blog, um canal no youtube e em seus perfis nas demais redes sociais digitais. A partir de abril de 2019, integra o grupo de colunistas do portal Correio Nagô, assinando textos para a coluna Black Nerd.
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