Mais um dado alarmante sobre a violência contra os povos indígenas e comunidades rurais foi divulgado pelo relatório “Conflitos no Campo Brasil 2020”: as disputas no campo por terra, invasões de territórios e assassinatos em conflitos pela água cresceram no Brasil. O relatório, elaborado anualmente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), foi lançado no último dia 31 de maio e revela que a quantidade de ocorrências registradas é a maior desde 1985. No total, foram contabilizados 576 confrontos por terra, o equivalente a 4,31 por dia. Trata-se de um aumento de 25% em relação aos registros de 2019 e 57,6% sobre o observado em 2018.
Os índices são ainda mais preocupantes quando analisados apenas os números referentes aos povos indígenas no Brasil que, nesse tipo de conflito, corresponde a mais de 56% das famílias afetadas. No caso das famílias cujos territórios foram invadidos, houve um aumento de 102,85% de 2019 para 2020. Mais de 71% das famílias vítimas dessas invasões são indígenas.
Em relação ao número de assassinatos registrados, os povos indígenas também se destacam. Entre os 18 assassinatos registrados no contexto dos conflitos no campo, sete foram de indígenas, 39% das vítimas. Entre as 35 pessoas que sofreram tentativas de assassinato ou homicídio, 12 foram indígenas, 34% das vítimas. Nas ameaças de morte, entre as 159 pessoas ameaçadas, 25 são indígenas, portanto, 16% das vítimas.
A CPT revela que a maioria das ocorrências que envolvem os povos indígenas se deu na Amazônia legal, inclusive em territórios já demarcados há anos. Entre os estados da região o Pará se destaca enquanto pólo de conflitos e em 2020 ocupou o 1º lugar no ranking das exportações de minérios entre os estados de todo o Brasil, segundo o Sindicato das Indústrias Minerais do Pará (Simineral).
Segundo a CPT, os dados apontam para a urgência de implementação e defesa de órgãos de prevenção, fiscalização e combate às violências no campo junto às comunidades tradicionais.