Foram 4 dias de programação que reuniu a comunidade local e turistas
A Festa Literária de Boipeba (Flipeba) finalizou sua 3° edição neste último sábado (12) com a realização de lançamentos literários, rodas de conversa, teatro, sarau e muita música. A Festa, que teve como tema “Histórias Ancestrais: a literatura como ponte entre passado, presente e futuro”, reuniu escritores, estudantes, professores, artistas locais e convidados, além de turistas e moradores do vilarejo. Pela primeira vez, os alunos lançaram uma antologia poética que teve como título o tema central do evento.
“Dentre as muitas atividades realizadas, o livro foi muito simbólico porque, normalmente, as pessoas de fora são as que lançam livros sobre a Ilha. Essa é a primeira vez que os próprios moradores, a maioria nascidos aqui, podem expressar-se, contar a sua história, falar da Ilha”, explicou Cátia Suzete, professora e uma das coordenadoras do evento.
A programação foi marcada por rodas de conversa, apresentações de grupos culturais locais como o “Axé Bahia” de capoeira, lançamentos literários, teatro, dança, performance e música. Além disso, a Feira, em parceria com a Bahia Sem Fome, arrecadou alimentos que serão distribuídos entre as famílias mais vulneráveis do local, e promoveu o incentivo à leitura com o sebo do projeto “Mar de Livros” que fez doação de diversos livros na atividade. Para Jhassy Coutinho, representante territorial de cultura do Baixo Sul, acompanhar esse processo com os segmentos culturais é fundamental: “Existe uma galera muito potente da música, da dança, do empreendedorismo, é isso que queremos ver. A cultura pulsando no Baixo sul da Bahia. A Flipeba tem um papel fundamental nesse reconhecimento e nessa construção de identidade e de pertencimento da ilha”, frisou Coutinho.
Além da ancestralidade, a FLIPEBA também destacou assuntos importantes para o cotidiano da Ilha, uma área de preservação ambiental. Na performance, “Soprando Através”, o coreógrafo Matheus Imperial, nativo de Boipeba, trouxe como tema a produção e tratamento do lixo na localidade. “Queria utilizar desse espaço cultural para pensar e responsabilizar nossas atitudes com a natureza e com a nossa comunidade. Esse espetáculo nasce dessa necessidade de viver em uma cultura mais sustentável. Essa ilha é linda com suas belezas naturais e culturais. Mas será que estamos no caminho certo, estamos protegendo nossa casa?”, questionou.
Boipeba, que significa em tupi “cobra da cabeça-chata” (uma referência às tartarugas marinhas do arquipélago), também recebeu a presença de povos originários do Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará e Bahia. Destaque para a discotecagem de Eric Terena e para show de estreia no Estado de Kaê Guajajara, diva pop indígena. Também marcaram presença a escritora e atriz Cássia Vale, o roteirista Fil Braz, o poeta Lucas Matos, a escritora e idealizadora do Slam das Minas, Nega Fyah, o jornalista Uran Rodrigues, a escritora e jornalista Valéria Lima, a cantora Danzi, da sambista Rita Barreto, além de representantes de outros municípios e de escritores de todo país.
A FLIPEBA contou com o apoio da Lei Paulo Gustavo, através da Secretaria de Cultura da Bahia/ Fundação Pedro Calmon, Prefeitura Municipal de Cairu, da Associação de Empresários de Boipeba (ASCOEB). Todas as atividades foram gratuitas.