Painéis sobre ancestralidade, moda, finanças, games e inovação marcaram o início da 7ª edição, que ocupou o Centro Histórico com intercâmbio cultural e experiências criativas

A sexta-feira, 5 de dezembro, abriu oficialmente a 7ª edição do Festival Afrofuturismo, transformando os largos do Pelourinho e a casa Vale do Dendê, no Centro Histórico de Salvador em um corredor de ideias, encontros e experimentações sobre futuro, ancestralidade e novas economias. A programação gratuita começou cedo, com talks, feira de empreendedores e painéis temáticos, reunindo pensadores, artistas, estilistas, investidores sociais e especialistas em tecnologia, moda, finanças e cultura negra.
A manhã foi iniciada na Casa Vale do Dendê com o primeiro talk do dia, apresentado por Ricardo Silva, fundador do GamePolitan — a maior feira de games do Norte e Nordeste.
“Estou agradecido por estar mais uma vez aqui no Festival Afrofuturismo. Fui um dos primeiros acelerados da Vale do Dendê, então estar aqui é estar conectado com essa história. Queremos mostrar nossa cultura nos games; nada mais lógico do que estar aqui, fazendo essa ponte com o Afrofuturismo”, afirma Ricardo.
Grazi Mendes abre a rota do tempo espiralar

O período da tarde foi guiado por Grazi Mendes, homenageada desta edição e inspiração para o tema Ancestrais do Futuro. Ela conduziu o painel central, refletindo sobre responsabilidade intergeracional, movimentos sociais e construção de futuros inclusivos, debates presentes em seu livro, que dá nome à edição.
“Este é o maior Festival de Afrofuturismo, Diversidade e Tecnologia da América Latina”, afirmou. “Estou muito feliz de estar aqui, especialmente neste ano em homenagem aos ancestrais do futuro, nome que leva meu livro.”
Grazi também destacou o conceito de imaginação radical, defendendo o sonho como ferramenta de planejamento para realidades mais éticas, diversas e possíveis: “Pensarmos em realidades preferíveis, pautadas por ética, diversidade, pluralidade e equidade… Estou superorgulhosa e feliz de estar aqui mais um ano”, conclui.
Finanças e futuro negro em debate
Outro destaque do dia foi o painel Futuro Negro: Investimento, Tecnologia e Novas Narrativas, com participação de Nina Silva, CEO do Movimento Black Money, ao lado de Cinara Santos e Fau Ferreira. A conversa abordou o impacto das economias negras na transformação social e na abertura de oportunidades no país.
“Feliz demais de estar na Bahia, maior território preto fora da África. É daqui que tem que vir a elevação para nossa população”, destacou Nina.
Ela reforçou o papel articulado entre tecnologias ancestrais e ferramentas contemporâneas como estratégia de liberdade econômica para o povo preto: “Podemos transformar a partir das nossas tecnologias ancestrais e sociais, impulsionadas por ferramentas que alavancam nossa real liberdade enquanto povo preto”, conclui.
O Festival Afrofuturismo segue neste sábado (6) com o segundo e último dia de atrações, reunindo novas rodadas de talks, painéis e experiências, além da feira de empreendedorismo e da exposição de startups. A programação ocupa novamente os espaços do Centro Histórico, reforçando Salvador como referência nacional em inovação, diversidade e futuro.



