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A esquizofrenia do “natal à brasileira”

Há algumas semanas, fui ao centro de Salvador resolver algumas coisas e, ao passar pelo shopping, vi que a decoração natalina já estava toda pronta. O shopping todo decorado, com aqueles enfeites característicos, uma árvore enorme, cheia de bolas gigantes e coloridas, com seu pisca-pisca reluzindo esperança, e no meio disso tudo não podia faltar, é claro, a casinha do Papai Noel.

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A casinha cheia de exuberância, toda confeitada; ao seu redor trenós, renas, neve – muita neve – e as ajudantes do Papai Noel. Aquele Papai Noel de barba branca, rechonchudo, usando óculos, com o sorriso bonachão, sentado na sua poltrona e coberto com aquela roupa vermelha que o superaquece e seu gorro.

Em meio ao cenário natalino construído naquele shopping, pessoas ao redor, muitas pessoas, e todas eufóricas a fim de apreciarem o que viam de estupendo e único. E no meio de tanta gente, crianças. Ah, essas não podiam faltar. Afinal de contas, sem elas não teria muita graça todo aquele cenário e o bom velhinho trajado de vermelho.

Na correria das atribuições que consumiam meu tempo até ali, parei para apreciar a cena. E entendi muito pouco do que vi, essa foi a primeira impressão, pois me dei ao trabalho de questionar o porquê daquela gente toda apreciando um cenário que não parecia particular à nossa cultura, aos aspectos climáticos da época e da cidade  (Salvador é uma cidade muito quente), mas continuei, e mais adiante percebi que, de fato, havia entendido tudo o que tinha visto e notei uma esquizofrenia muito peculiar do brasileiro: o de apreciar aspectos importados e que não cabe, por si só, na nossa cultura. thumbs

Percebamos que o Brasil é um país situado nos trópicos, tão logo, não há neve, a não ser nos estados do sul, o que não quer dizer que por lá cai neve o ano inteiro. Sendo assim, é chuva e sol, e em algumas regiões eu diria até que é sol e sol, com algumas pancadas de chuvas, como bem diz a garota do tempo. E daí surge a particular estranheza de adotar aspectos que não

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