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A estética negra como empoderamento

A oficina de Turbantes e a de Cuidados com a Pele, que aconteceram ontem, 11, no Instituto Mídia Étnica, em Salvador, marcaram a presença da estética negra como forma de empoderamento e o fortalecimento da rede afroempreendedora. Segundo a consultora da Mary Kay Catarina Lima, o objetivo dela é fazer com que a mulher negra consiga cargos altos, de diretoria, na empresa em que ela é consultora de beleza. Ela conta que a multinacional vende produtos específicos para a pele negra, mas que as mulheres não-brancas precisam atingir níveis de maior reconhecimento na organização. “Eu quero inserir mais mulheres negras no que eu faço, buscar o empoderamento em todos os setores, e o dinheiro empodera”, afirma.

A socióloga Rosana Chagas acredita no empoderamento através da estética negra, na valorização dos “traços negros, do nariz largo, da boca grande”. Ela conta que é preciso também que a mulher tenha o autocuidado e queira se perceber bela. “Eu acho fundamental a autoafirmação através do belo. É bom se olhar e observar a nossa beleza”, pontua a doutoranda pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

A publicitária Lissandra Pereira diz que é importante empoderar através da estética. “Esse é um primeiro passo, pois nós temos a nossa autoestima deteriorada; esse é o empoderamento palpável”. Mas, ela pontua que é preciso buscar outras formas de alcançar o reconhecimento, o poder.

O uso do turbante tem se tornado alvo de críticas, por ser visto como moda, sem reflexão do processo de construção identitária. Dete Lima, 63, turbanteira do Ilê Aiyê, que começou a fazer turbante desde os dez anos de idade, pensa diferente. De acordo com ela, não há algo negativo se as pessoas utilizam o turbante como moda ou se uma mulher branca utiliza o torço. “Eu não vejo como negativo se elas gostam de usar o nosso estilo. Isso ajuda no desenvolvimento da nossa cultura”. Dete Lima, que é filha de Mãe Hilda, foi a pioneira na inovação do amarrado do turbante. Ela conta que, antes dela, as pessoas simplesmente colocavam um pedaço de pano na cabeça. “Eu comecei a pensar em novas maneiras de amarrar o torço. Hoje, existe um turbante para casamentos, para momentos informais. Antigamente, quem usava muito os turbantes eram vendedoras de quitutes”, resume ela.

A estudante de Publicidade Hellen Caroline, que serviu de modelo para demonstração do uso do turbante, maquiagens e roupas, ficou satisfeita com o resultado. “Eu estou emocionada”, disse ela, se olhando no espelho. Segundo Dete Lima, muitas mulheres tinham vergonha de usar um amarrado na cabeça e no corpo. “Nós fizemos as mulheres se sentirem mais belas, mais elegantes quando usam o turbante”. Obsevando Hellen se admirando no espelho, a turbanteira diz ficar gratificada quando vê uma mulher negra com a autoestima elevada.

 

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