Está em cartaz, em Salvador, o filme francês “Uma Garrafa no Mar de Gaza” e que teve diversos bons comentários da critica, dentre eles o da revista Veja que pode ser lido clicando aqui.
Li também outros comentários bastante negativos sobre o filme, um deles apresentando-o como um romance açucarado com uma história de amor inverossímil e outro que dizia que, ao centrar o foco na historinha de amor, o filme perde a oportunidade de explicar as causas do conflito, que seria o evento principal e que poucas pessoas conhecem essas causas.
Assisti ao filme em 2012, em Salvador e, em abril deste ano, tive oportunidade de assistir novamente na sala de arte da Livraria Cultura, em São Paulo. Depois de ter visto o filme por duas vezes, me permito discordar das críticas negativas e recomendar o filme.
As razões, os antecedentes e o histórico do conflito são tema para um documentário, mas a proposta de “Uma Garrafa…” , a meu ver, é exatamente a de mostrar o conflito pela ótica das pessoas comuns que vivem sob o fogo cruzado, que não pediram, não entendem nem queriam a guerra e que, muitas vezes nascem e são criadas para odiar o inimigo sem nem saber direito o porquê. Ainda que pareça clichê não tem como não fazer analogia dessa situação com os versos da famosa canção, de Geraldo Vandré:
Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos, de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão
Assim, o filme mostra dois jovens que, por acaso ou destino, estão em lados diferentes da guerra e que passam a manter contato pela internet, depois do contato inicial via garrafa. A partir do contato que se estabelece, essas duas pessoas têm a oportunidade de se descobrir como seres humanos que preferiam viver na paz. Para mim, como internacionalista e pacifista, a mensagem é clara e válida, não só para os estados de guerra, mas também para situações urbanas em que nós enxergamos o outro como estranho e tratamos como inimigo, a exemplo dos corriqueiros acidentes de trânsito que terminam em discussão e morte.
Veja mais abaixo sinopse, locais e horários onde o filme pode ser visto em Salvador.
A.C.Ferreira é Administrador, Especialista em Política e Estratégia, Especialista em Relações Internacionais
(Une Bouteille à la Mer, França, 2011) Tai é uma garota israelense de 17 anos que vive em Jerusalém. O palestino Naim tem 20 anos e vive em Gaza. Os jovens cresceram em meio à conhecida rivalidade entre os dois povos, ambientados em um cenário de destruição. Ao questionar quem é seu inimigo e o que ele realmente pensa, Tai coloca seus pensamentos em uma carta e a joga no mar dentro de uma garrafa. A mensagem chega até Naim, que passa a se corresponder com a garota pela internet. Os dois desenvolvem uma amizade perigosa o que aproxima ambos do peso da guerra. O filme dirigido por Thierry Binisti filosofa sobre o valor do ser humano e apresenta um diálogo sensível, apoiado no processo de amadurecimento e descobertas de dois jovens separados mais pelo medo do que pela distância. A produção foi destaque no Festival Varilux de Cinema Francês.
Saladearte – Cinema do Museu – Sala 1 – 18h30
Saladearte – Cine Vivo – Sala 2 – 14h20 e 21h
Fonte: http://cineinsite.atarde.uol.com.br/programacao/locais.php?id_cidade=1&id_filme=39393
Consulta ao site em 10/05/2013