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Salvador é a maior cidade negra fora do continente africano, tem um forte apelo da cultura afro descendente, explora comercialmente essa peculiaridade, expõem em todo o mundo as simbologias da cultura afro baiana, reforçando o rótulo de “Roma negra”, consequentemente o carnaval de Salvador, “a maior festa popular do mundo” (segundo o Guiness book), deveria ser uma festa com uma marca africana forte, afinal o governo precisa fortalecer esse marketing, mas não o faz, não o faz porque existem os abnegados que se auto intitularam defensores e preservadores da cultura afro descendente, assim como da moralização e fortalecimento da autoestima do povo negro da nossa terra, inventaram uma “coisa” chamada Bloco Afro.
O governo não ta nem aí pra invencionices de negros, mas mesmo assim os negros vão às ruas marcar o Carnaval, por suas próprias contas e riscos. Tudo ia mais ou menos bem, até quando resolvem “organizar e profissionalizar o carnaval”, uma forma simples e clara de “limpar a festa”. A partir daí, entram os profissionais de comércio e economia e descobrem que pra ganhar rios de dinheiro, precisam da cultura negra, mas não dos negros.
E os Blocos afros e afoxés?. Os hercúleos diretores encontram nos seus caminhos e na luta pela sobrevivência, um exército bem treinado de: artistas, jornalistas, empresários, políticos, governo e uma classe média com influências racistas bem acentuadas.
Mesmo assim os blocos afros estão no limiar do quase quarenta anos Ilê Aiyê, 30 e tantos anos do Malê Debalê, 30 e tantos anos de Olodum, Cortejo Afro, Muzenza e tantos outros, atravessando a maior crise de suas histórias, por conta do desrespeito à herança cultural, ao trabalho e a dignidade do povo negro.
Propostas de apoios, subvenções e patrocínios imorais, além de um patrulhamento meticuloso às nossas ações.
Resumindo, ficamos com as responsabilidades que nos são destinadas: trabalhos sociais nas nossas comunidades, representar a Bahia quando o governo precisa esconder o lixo debaixo do tapete, colocarmos uns poucos dos nossos, enfeitando os blocos dos brancos para afirmação da “democracia racial”, doarmos as nossas músicas e as nossas danças para