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A tecnologia de exploração do “pré-sal” no Brasil está ainda em fase embrionária

A exploração de petróleo em águas profundas na costa brasileira é um foco promissor de atividades com reservas estimadas em 31 bilhões de BOE (do Inglês “Barrels of Oil Equivalent, um termo usado para representar o conteúdo de energia em um barril de petróleo cru”). Com relação a essa realidade, a Halliburton uma empresa gigante norte-americana muito conhecida e mundialmente respeitada na área de petróleo, declara em uma de suas websites, com relação à Petrobrás que: “Estamos todos trabalhando em conjunto para o pioneiro na utilização de tecnologias inovadoras necessárias para atingir a produção de petróleo a partir de profundidades de água enormes, estimulados pelos recém-descobertos campos gigantescos do pré-sal. Estes campos estão entre os mais complexos a ser perfurados – localizado abaixo de 7.000 pés (cerca de 2000 metros) de lâmina de água, com reservatórios enterrados sob camadas de sal de até 6.500 m de espessura”. Para ajudar a desenvolver a exploração desses campos, a Halliburton está construindo um Centro de Tecnologia no Rio de Janeiro que vai se tornar um centro de tecnologia especializado em exploração de petróleo em águas profundas através de onde a Halliburton pretende atender as demandas afins a essa área em todo o mundo. A Empresa pretende trabalhar com uma universidade brasileira líder para desenvolver novas e eficientes tecnologias de exploração petróleo em águas profundas. Muitas das descobertas recentes de novos poços de petróleo no Brasil e muito da produção atual vem de reservatórios do pós-sal (como é denominada a camada acima da camada de sal). A Hulliburton arremata observando que “… Seja o objetivo a exploração de petróleo do pós-sal ou do pré-sal alvo, as chaves para acelerar a exploração e desenvolvimento no Brasil encontram-se na integração de longo prazo de uma vasta gama de tecnologias e de conhecimentos. Alavancar as capacidades de serviço em várias disciplinas garantirá a organização as soluções e ajuste necessários a uma exploração efetiva do petróleo em águas profundas no Brasil (Hulliburton, 2013).
A Petrobras, que produz mais do que 95% do petróleo do Brasil tem planos para aumentar a sua produção a partir diária dos atuais 2,3 milhões para 4,1 milhões em 2015. A realidade é que se o Brasil quer produzir mais petróleo, sua única opção é ir cada vez mais fundo. Haja vista que mais de 90% dos reservatórios do país estão localizados em águas profundas, representadas por lâminas d´água de mais de 400m (ou 1.300 pés) ou ultraprofundas (lâminas de mais de 1.000 m ou 3.300 pés de água), e cerca de 80% do petróleo produzido atualmente no Brasil já vem desses tipos de campos. A Petrobras é o maior produtor de petróleo em águas profundas províncias do mundo e é altamente respeitada na indústria. Mas perfuração nos campos do pré-sal vai representar desafios maiores do que a Petrobras – ou mesmo qualquer outra companhia de petróleo – já enfrentou antes. “Estamos falando de um ambiente complexo e agressivo: não há sal, não há corrosão, pressões extremas, o tempo pode mudar, ondas de 10m (33 pés) podem aparecer do nada”… Não há solução de engenharia que podem ser 100% seguro”, diz Claudio Sampaio, arquiteto do departamento de engenharia naval da Universidade de São Paulo.
Haroldo Lima quando ainda era Diretor-geral da Agencia Nacional de Petróleo, a ANP, cargo que deixou em 2012 quando foi substituído pela Engenheira Magda Maria de Regina Chambriard (G1 Economia, 2012), em entrevista a Paulo Cabral da BBC News fez referencia a um acidente gigantesco acontecido em uma unidade de exploração de petróleo no Golfo do México em 2010. Nesse acidente que ganhou fama (ou melhor, ganhou infâmia) internacional, após a explosão e afundamento da plataforma de petróleo “Deepwater Horizon”, fato que custou 11 vidas, um jorro de petróleo orindo do fundo do mar fluíu ininterruptamente durante três meses em 2010. Esse poço jorrou seu conteúdo para o ambiente submarino durante 87 dias, até ser finalmente ´arrolhado´ em 15 de Julho de 2010. A descarga total de óleo introduzido como poluição no meio ambiente marinho é estimada em 4,9 milhões de barris (210 milhões de galões norte-americnaos ou seja, 780.000 m3). Haroldo Lima ponderou: “É possível perfurar em condições tão difíceis com a confiança de que tudo vai funcionar bem? Essa é uma questão muito importante que nós tivemos que perguntar a nós mesmos após o acidente no Golfo do México. O fato de uma empresa séria como a BP estava operando o único campo torna isso ainda mais preocupante.”
Com relação à infraestrutura necessária para o exercício de uma exploração consistente dos recursos do pré-sal, esta irá exigir a concatenação entre os vários setores industriais envolvidos. Afinal, uma nova conjuntura tecnológica para a área, deve enfrentar alguns dos maiores desafios tecnológicos colocados no caminho do homem, na sua busca perene por acesso aos recursos energéticos disponibilizados pela Natureza.
Algumas das principais dificuldades quanto a exploração do pré-sal incluem, além daquelas representadas pelas águas ultra-profundas, reservatórios carbonáceos expessos (mais de 5.000 metros de expessura); prováveis reservatórios distribuídos por áreas muito grandes; razão gás-óleo (GOR) elevada (por exemplo a GOR na área de exploração “Tupi” é de 200); conteúdo de CO2 de 8-12% em “Tupi”; alta pressão e pressão baixa temperatura; localização dos reservatórios sob uma camada de sal expessa (de mais de 2.000 metros de sal de expessura); localização dos poços a cerca de 300 km distatntes da costa o que pode implicar ambientes caracterizados por severas condições oceânicas.
Estes desafios exigem um desenvolvimento substancial na capacidade de extração offshore, incluindo as tecnologias bem e processamento de gás e tecnologias exportadores, minimizando as emissões de CO2 para a atmosfera. Outros desafios para a exploração do pré-sal incluem a difícil interpretação e diagnóstico de sinais sísmicos devido à espessura das camadas de sal e a falta de conhecimento de como os materiais se comportam e qual as suas respectivas durabilidades sob as altas pressões características da área. No Laboratório de Ensaios Não Destrutivos, Corrosão e Soldagem, por exemplo, quatro professores da COPPE (UFRJ – Brasil) estão trabalhando ao lado de 30 engenheiros da Petrobras submetendo amostras de aço ao poder corrosivo do gás sulfeto de hidrogênio a pressões extremas, semelhantes aquelas envolvidas no pré-sal.
Outro desafio é estudar a geometria das rochas para otimizar o posicionamento também. Além disso, quando é perfurada, o sal pode exercer tensão e bloquear a entrada (boca) do poço, por isso, é necessária a utilização de um revestimento de aço para contê-lo. Além disso, quando ele deixa as rochas, o petróleo é extremamente quente e pode criar precipitação nas linhas de extração flexíveis, que estão em contacto com a água do mar fria. Portanto, a investigação está sendo feito para encontrar produtos químicos para inibir precipitações e manter as linhas em uma temperatura baixa.
Os estaleiros estavam entre os primeiros a sentir o impacto positivo dessas novas políticas. Depois de anos sendo praticamente abandonados, eles estão pulando de volta à vida para abastecer o setor e novo setor de exploração de petróleo. Os Estaleiros Mauá do Brasil já estão se beneficiando do boom do prometido pelo petróleo do pré-sal. O presidente do Estaleiro Mauá, Domingos D’Arco, disse que “Nós precisamos de navios, plataformas, equipamentos e tudo o mais que é utilizado para a exploração de petróleo a ser feita no Brasil.” Ele continuou dizendo que o planejamento de longo prazo é a coisa mais importante em seus negócios. “O problema aqui no Brasil sempre foi a inconsistência. Em um momento,estaríamos construindo dezenas de navios, tudo ao mesmo tempo e depois enfrentamos um período no qual não acontecem quaisquer encomendas durante anos”, disse D’Arco.” “O que nós realmente precisamos é de previsibilidade, e eu acho que nós estamos finalmente conseguindo isso no Brasil, Ele assim finaliza.

Referencias:
1. Hulliburton: (2013); Deepwater in Brazil; Acesso: http://www.halliburton.com/ps/default.aspx?navid=2104 (acessado em: 13/04/13);
2. G1 Economia; Dilma escolhe nova diretora da Agencia Nacional de Petróleo; Acesso: http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/03/dilma-escolhe-nova-diretora-geral-da-agencia-nacional-de-petroleo.html (acessado em:14/04/2013 )
3. BBC News; (2010); Brazil set to face deepwater oil challenge; by Paulo Cabral, Rio de Janeiro; Acesso: http://www.bbc.co.uk/news/10316852 (acessado em: 14/04/2013);
4. Waisberg, I; (2011);Brazil´s Pre-Salt Layer; Stanford University; Acesso: http://large.stanford.edu/courses/2011/ph240/waisberg1/ (acessado em: 14/04/2013);
5. Imagem: Acesso: http://www.pennenergy.com/articles/pennenergy/2013/03/statoil-secures-oil-exploration-rig-capacity.html (acessado em 14/04/2013)

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