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Afrofuturismo e ancestralidade em cena: O espetáculo inédito Estilhace! usa tecnologia para promover memórias afro-brasileiras e projetar futuro

A imagem que conhecemos de Anastácia é a representação de uma mulher negra escravizada, que tem preso ao rosto uma máscara composta por um pedaço de metal colocada no interior da boca, entre a língua e a mandíbula, e fixada por detrás da cabeça através de duas cordas. Simbolizando o silenciamento e brutalidade do sequestro e escravização, a máscara é uma imposição de senso de mudez e de medo.

Foto: Jahi Amani

Em Estilhace!, o diálogo inovador entre linguagens provoca uma reflexão sobre os dispositivos de silenciamento do povo negro, bem como, as potencialidades de superação desses processos. O espetáculo é dirigido pelo artista e educador musical Leandro Souza com coreografia da capoeirista e bailarina afro Júnia Bertolino e em parceria com os videoartistas Paulo Roberto Rocha e Caio Maggi. A montagem inédita estreia no Teatro Espanca com apresentações nos dias 26, 27 e 28 de agosto. Serão, ao todo, seis apresentações a preços populares de R$10 (inteira) e R$5 (meia-entrada). Para mais informações, acesse https://linktr.ee/estilhace.

No espetáculo, o público é convidado a experimentar as diversas camadas e linguagens da performance que tem a forte influência do afrofuturismo – conceito em que a tecnologia se une à produção artística e projeta o futuro pela perspectiva afrocentrada. As referências à máscara de metal e as novas narrativas e possibilidades de expressão propostas serão percebidas no deslocamento da bailarina, que por meio de sensores fixados ao corpo, produzem, em tempo real, sons e imagens.

O projeto, que é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, foi desenvolvido a partir de pesquisas feitas por Leandro Souza sobre estratégias de interação para música, dança e outras linguagens artísticas explorando tecnologias digitais.

O diálogo da tecnologia com as imagens, poesia e as danças afro-brasileiras e contemporânea se dá por meio de sensores fixados nas pernas e braços da dançarina, em que os sons do berimbau e os vídeos projetados serão alterados em tempo real. É a partir da movimentação de Júnia Bertolino no palco que se produz além de sons e imagens como, principalmente, narrativas, como faz questão de destacar. Para isso, a artista resgatou estudos sobre ancestralidade e o corporeidades negras para compor a montagem.

Sonoridade e memória – A sonoridade é construída por sons do berimbau, vozes e silêncios. Leandro ressalta ainda que outra importante característica estética do espetáculo é o processamento por síntese granular. “Consiste em fragmentar o som em pequenos pedaços e depois juntá-los novamente, de diferentes modos. O processo de estilhaçamento, fragmentação e alteração também serão empregados nos vídeos projetados em tempo real”, explica. 

Estilhace! estará em cartaz nos dias 26, 27 e 28 de agosto no Teatro Espanca (Rua Aarão Reis, 542, centro -Belo Horizonte). Serão seis apresentações, sendo que na sexta-feira (26) as apresentações acontecem às 19h e às 20h; no sábado (27), às 17h30 e na apresentação das 20h haverá conversa com o público interessado no processo de criação do trabalho e sobre mediação digital. Já no último dia (28), às 19h e às 20h.

Oficinas – Além da apresentação do espetáculo, o projeto busca multiplicar, por meio de oficinas realizadas em periferias de Belo Horizonte. O objetivo é democratizar o acesso ao conhecimento através de ferramentas e conceitos gratuitos para estimular a experimentação dos meios digitais na criação artística. Em julho foram realizadas no Centro Cultural Alto Vera Cruz e no Centro Cultural Lindeia Regina. Já em novembro, será ministrada a oficina “Entre gestos” para crianças neurodiversas e os professores/estagiários do CMI, Centro de Musicalização Infantil da UFMG.

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