No segundo dia do III Fórum Negro de Arte e Cultura (FNAC), que acontece em Salvador até o dia 23/03, o filósofo carioca Renato Noguera, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), discutiu como a teoria do afro perspectivismo pode ser articulada com arte e a cultura. Integrando a programação, que consolida a terceira edição conquistada por embate político de professores e estudantes negros para garantir pauta racial na Escola de Teatro da UFBA (ETUFBA), o filósofo apontou como métodos teóricos e artísticos podem incluir trajetórias pessoais.
“Histórias de chuvas e histórias de luas ouvi muitas em minha infância, que fiquei pensando em como contá-las”, explicou Renato. referindo-se a como histórias contadas pelos seus mais velhos passaram a compor seus trabalhos. Para o filósofo a afro perspectividade descoloniza os saberes formulando conceitos a partir de tradições indígenas e afro-brasileiras.
“Ouvia histórias de filosofia, por exemplo, que são histórias que meus colegas de faculdade não tiveram como vivência”, destacou. Renato indicou que os processos de autoconhecimento são mananciais criativos. “Eu achei o meu caminho e pude colocar as tradições em livros e em filmes, por exemplo. É preciso encontrar sua história e articular com sua arte”, apontou.
Nos dias 8 e 9 de junho, Renato Noguera voltará à Salvador com o projeto “Raízes”, que visa o autoconhecimento, em parceria com Camilia Moraes. A atividades teve sucesso e será também repetida na capital de São Paulo, dias 18 e 19 de maio. A imersão é um convite ao retorno ao útero. A partir de sons, diálogo com histórias pessoais e o uso do cálculo desenvolvido pela cultura ‘nagara’, que se baseia nos elementos do fogo, terra, água e mineral.
Toda programação do III Fórum Negro de Arte e Cultura: https://www.even3.com.br/fnac/
Texto: Marcelo Ricardo, repórter estagiário do portal Correio Nagô