Após o programa Agora é Tarde, apresentado por Rafinha Bastos, da TV Band, exibir, no final de fevereiro, o depoimento do ator Alexandre Frota afirmando ter tido relação sexual forçada com uma mãe de santo que, segundo ele, desmaiou no ato, manifestantes encaminharam uma petição ao Ministério Público com o objetivo de que o órgão investigue as declarações feitas pelo artista. Rafinha Bastos, que ao final da fala de Frotas, pediu que o público o aplaudisse, disse que a história contada sobre a mãe de santo foi uma “piada”.
O texto da petição online, na plataforma Change.Org, que já possui quase 38 mil assinaturas, diz que “se tudo não passou de um causo”, uma ‘piadinha’, como agora argumenta Rafinha Bastos nas redes sociais, estamos diante de um outro crime: o de apologia ao estupro. Nenhum cidadão, nenhum canal de TV – uma concessão pública- pode ser condescendente ou compactuar com criminosos sob pena de associação ao crime”, informa a nota.
Para Noélia Pires, ekede do Terreiro Omi Tolá e integrante do Coletivo de Entidades Negras-CEN, é um “absurdo observar essas situações”. É repugnante, pois nossa religião já passa por tantos preconceitos. Isso fere totalmente os nossos princípios, nossa religião”, declarou ao Correio Nagô.
Ao portal IG, o ator Alexandre Frotas diz que não vai se “desculpar de nada”, que as manifestações são “falta do que fazer”. “A Mãe de Santo é fictícia, por isso não menciono nome porque não existe. A história fez parte do meu stand up, no ano passado. É uma história contada em forma de piada, com humor, inclusive, funcionou bem na TV, mas no teatro não teve muita repercussão”, explicou ele. “Outra coisa, não vou me desculpar de nada porque nada fiz de errado. Temos liberdade de criar e roteirizar, é isso. Respeito as mulheres, sou muito bem casado e essa onda é falta do que fazer”, comenta.
Ministério Público – O Coletivo Intervozes, organização que luta pela democratização da comunicação, solicitou no dia 04 de março o posicionamento do Ministério Público Federal sobre o caso, já que o programa exibido, de acordo com a instituição, viola os direitos humanos e faz apologia à violência, condutas estas não permitidas pelo Código Brasileiro de Telecomunicações, leinº 4.117/62.
O coordenador do Intervozes, Pedro Ekmam, explicou para Revista Fórum que “a Band decidiu divulgar um discurso que incita a violência contra a mulher ao aplaudir a narração confessa de um estupro e porque expõe as mulheres e a religião afro à discriminação baseada em preconceitos”.
Para assinar a petição, acesse: https://www.change.org/p/investiguem-o-relato-de-estupro-no-agora-%C3%A9-tarde-tvband-rafinhabastos-frota-estupro
Reveja o trecho polêmico da entrevista: https://www.youtube.com/watch?v=peQg34md27w
Representação do Intervozes: http://intervozes.org.br/wp-content/uploads/2015/03/representacao-PRDC-Band_final-mar2015.pdf
