Redação Correio Nagô – Nesta quinta-feira (31), será lançada em São Paulo(SP), a antologia Pretextos de Mulheres Negras. O evento será realizado na Ação Educativa, no Centro.
O volume de quase 140 páginas apresenta em cada uma das 22 autoras – 20 de São Paulo e as convidadas Queen Nzinga Maxweell (Costa Rica) e Tina Mucavele (Moçambique) – subjetividades e autorrepresentações, seja nos textos, nas imagens, nos perfis biográficos ou na forma como lutam por resistência, memória, pertencimento, ludicidade, corporeidade, musicalidade, religiosidade e outros valores presentes nas africanidades e na diáspora.
“Temos a intenção de religar os nossos vínculos ancestrais e também escrever a melodia dos nossos próprios ritmos”, anuncia a organizadora do livro, Elizandra Souza.
A obra é parte das ações do coletivo Mjiba, que fortalece o protagonismo da mulher negra em diferentes esferas e foi também inspirada no livro “Oro Obínrin – 1º Prêmio Literário e Ensaístico sobre a Condição da Mulher Negra”, publicado em 1998.
O volume é também uma homenagem a escritora Maria Tereza (em memória) e faz também referência às crianças do círculo de convivência das autoras.
Na apresentação, as palavras de Conceição Evaristo “gosto de escrever, na maioria das vezes dói, mas depois do texto escrito é provável apaziguar um pouco a dor, eu digo um pouco… gosto de dizer ainda que a escrita é pra mim o movimento de dança-canto que o meu corpo não executa é a senha pela qual eu acesso o mundo” resumem o processo. “Este processo foi vivenciado pelas convidadas… somos a continuidade de mulheres negras e precisamos, como toda plantação, replantar e espalhar novas sementes”, pontua Elizandra Souza.
Sobre a obra e o coletivo Mjiba
A antologia teve a organização de Carmem Faustino e Elizandra Souza traz o projeto gráfico de Nina Vieira e ilustrações de capa e homenagem feitas por Renata Felinto. Já as fotografias das autoras foram clicadas por Chaia Dechen.
Durante o lançamento, o evento conta também com música de Camila Trindade e discotecagem da DJ Vivian Marques, além de recital com as autoras Carmen Faustino, Chaia Dechen, Debora Marçal, Elidivânia Souza, Elis Regina, Elizandra Souza, Flávia Rosa, Janaina Teodoro, Jenyffer Nascimento, Landy Freitas, Lids Ramos, Lu’z Ribeiro, Luciana Dias, Mel Duarte, Nayla Carvalho, Priscila Preta, Raquel Almeida, Rose Dorea, Tiely Queen e Tula Pilar.
As ações do coletivo Mjiba são inspiradas na palavra, que originária da língua chona, de Zimbabuê, onde as jovens mulheres revolucionárias enfrentaram as tropas britânicas e lutaram pela independência do país. Tocada pela história, a poeta Elizandra Souza publicou, de 2001 a 2005, o fanzine chamado Mjiba e desde 2004 realiza o evento ‘Mjiba em Ação’, quando homenageia a mulher negra próxima a data de 25 de julho.
Neste ano o projeto teve o apoio do programa VAI – Valorização de Iniciativas Culturais.