O centenário de nascimento de Abdias Nascimento será lembrado nesta sexta-feira (14), com homenagens ao político e ativista da igualdade racial. O reconhecimento de seu trabalho contará com intelectuais e artistas no Cais Valongo, antigo ponto de desembarque de africanos escravizados no Brasil.
Segundo a organizadora do evento e diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro Brasileiros, Elisa Larkin, Abdias Nascimento foi um dos primeiros intelectuais brasileiros a denunciar o impacto da escravidão sobre sobre os brasileiros. “Mais do que isso, ele foi ativista dos direitos humanos da população negra discriminada, em um momento que a causa não gozava de nenhum endosso da sociedade. Era um momento de negação do racismo”, disse.
Para lembrar Abdias, a programação debate as teses do intelectual. “Ele era autor de propostas de inclusão de um modelo de organização do Estado brasileiro que fosse igualitário do ponto de vista socioeconômico e político, e que respeitasse integralmente todas as suas identidades e culturas”, acrescentou Elisa.
As homenagens terão início às 12h, com a declamação de poesias por Nilze Carvalho. Seguem com apresentação do Teatro Experimental do Negro. Entre os palestrantes estarão o professor da Universidade de São Paulo Kabengele Munanga, a filósofa Sueli Carneiro, diretora do Instituto da Mulher Negra, e a professora da Universidade Federal de Minas Gerais Leda Maria Martins.
A programação inclui a presença de ativistas de outros países. Entre eles, o sociólogo e cientista político, atualmente na Universidade Brown, nos Estados Unidos, Anani Dzidzienyo, além do ex-jogador de futebol francês Lilian Thuram, que lançou o livro As Minhas Estrelas Negras – De Lucy a Barack Obama, traduzido para o português ano passado.
Após os debates, no Centro Cultural Ação da Cidadania, sairá um cortejo em direção ao Cais do Valongo, onde será feita uma cerimônia interreligiosa. Acompanhará a caminhada a orquestra de atabaques do grupo Treme Terra Esculturas Sonoras. A noite chega ao fim depois de apresentações da rapper Re.Fem e do sambista Nei Lopes.
Nascido no interior de São Paulo, Abdias dedicou sua vida à luta contra o racismo e a discriminação racial. Foi um dos precursores da defesa da inclusão da história e cultura afro-brasileira nas escolas, e de ações afirmativas para a população negra. Fundou um jornal que denunciava a situação dos negros no Brasil e criou o grupo Teatro Experimental do Negro. Morreu aos 97 anos, em 2011.
Fonte: Agência Brasil