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Atotô! Caminhada Azoany acontece neste domingo, em Salvador  

Andar do Pelourinho até a igreja de São Lázaro. Aproximadamente quatro km de caminhada. Assusta, não é? Mas aqui na Bahia, quem tem fé vai a pé. E a fé move por 17 anos, o produtor cultural, Albino Apolinário, a realizar a Caminhada Azoany. O cortejo religioso, que acontece neste domingo, 16 de agosto, é uma ocasião de agradecer, reverenciar e saudar.

A Caminhada é a marca da secular união entre o cristianismo e Candomblé através da incorporação de elementos entre as religiões, um afago nesses tempos de intolerância religiosa. É o momento em que pessoas ligadas ao candomblé marcham em culto a Azoany (Omulú, Obaluaê) e compartilham  com os adeptos do catolicismo que reverencia a São Lázaro.

Como de costume, a missa na Igreja da Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, na Ladeira do Pelourinho, às 9h, mais a concentração na Rua das Laranjeiras, próximo ao projeto Axé, antecede a procissão que está marcada para às 13h, em direção ao bairro da Federação.

Albino

“As pessoas que caminham, em sua maioria negras, são de religiões de matriz africana, que resolveram assumir a sua identidade religiosa e sair à rua para dizer: eu sou do Candomblé, e daí?”, explica Albino, em conversa ao Portal Correio Nagô. Ele conta que a sua relação com a peregrinação a Azoany (Obaluaê) está relacionada a uma graça alcançada três anos e devidamente paga, quando realizou todo o cortejo descalço. “Pedi abraçado à estatueta de Obaluaê que tenho em casa para que intervisse em uma situação familiar. Caminhei do Pelourinho a Federação e não tive nenhum ferimento nos pés. Ele me protegeu”, contou o produtor que também é criador da Associação Alzira do Conforto, em homenagem ao pioneirismo cultural da sua avó (Alzira) no Centro História de Salvador. Entre as outras atividades da Associação está duas intervenções no carnaval: Reggae, o Bloco e o Afoxé Mojubá, que na Quarta-feira de Cinzas, celebra o Exú Raimundo Bouzanfraim.

Deus da saúde e da morte

A divindade Azoany, que para o candomblé é o deus que simboliza a saúde e a morte, e, que através da partilha de características com santos católicos possui equivalência com São Lázaro. Essa comparação é advinda na história como fruto da perseguição ao candomblé pelo catolicismo nos desdobramentos da diáspora negra. Atotô é a sua saudação!

A novidade deste ano é a arte da camisa da caminhada com assinatura do artista plástico, Alberto Pitta, que há 30 anos é destaque no cenário artístico de Salvador, com criações ligadas a matriz africana do povo baiano. A camisa poderá ser adquirida por R$10, das 9h às 12h e das 14h às 18h, na Rua das Laranjeiras nº 14 – Pelourinho. Informações: alziradoconforto@hotmail.com

Da Redação do Correio Nagô

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