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Audiência para discutir chacina do Cabula tem clima tenso e intimidação

* Redação, Correio Nagô

Centenas de pessoas estiveram reunidas na manhã dessa quinta-feira, 26, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em uma audiência pública que discutiu a chacina que ocorreu no bairro do Cabula, no início de fevereiro, quando uma ação policial resultou na morte de 12 jovens da Vila Moisés,  em Salvador. Em um evento tenso, militantes do movimento negro, que denunciam a violência policial e o racismo, foram recebidos com faixas de instituições de defesa dos policiais. Do lado de fora do auditório, carros de som faziam o mesmo discurso em defesa da atuação policial. Apesar de ser convidado, o secretário de Segurança Pública da Bahia não compareceu ao evento.  O vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-BA, Eduardo Rodrigues, disse no evento que já solicitou  do governo o afastamento de todos os policiais envolvidos na chacina. Já o discurso do Capitão Tadeu, represente da Polícia Militar,  foi interrompido por vaias do público.  Os militantes sentiram-se coagidos no espaço por conta da presença do que aparentava ser policiais infiltrados, além de ameaças aos militantes em redes sociais que seguem desde a denúncia do caso. Familiares das vítimas também estavam presentes no local e em um dos momentos mais tensos do evento, o presidente da OAB chegou a pedir que, caso houvesse alguma pessoa com armas no auditório que se retirassem do espaço. Integrando a mesa, o militante da Campanha Reaja ou será Mortx, Hamilton Borges, em sua fala criticou o discurso da política de segurança do governo estadual. “Há dez anos estamos combatendo essa política de governo que favorece a guerra”. Para o representante, essa política é direcionado a “jovens, negros, moradores de locais onde o Estado nunca chegou”.

Hamilton Borges (Campanha Reaja)

Hamilton Borges (Campanha Reaja). Foto: Franco Adilton

O secretário de Justiça do Governo , Geraldo Reis, confirmou a reunião  da Comissão de Direitos Humanos da OAB  com o  governador da Bahia, Rui Costa. A data será no próximo dia 12.   Por outro lado, o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Prisco, afirmou ao jornalista Pablo Reis, em recente entrevista sobre a chacina que  “Os policiais deveriam ser condecorados”.

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Associação de policiais protestam contra a audiência para apurar o caso

A Bahia é o segundo estado do Brasil em número de homicídios. O caso do Cabula, onde 12 jovens foram mortos em um suposto conflito com policiais virou destaque na imprensa nacional e órgãos como a Anista Internacional. Em seu primeiro pronunciamento sobre  o caso o governador da Bahia, Rui Costa, defendeu os policias usando uma metáfora de que um policial em frente a uma situação de criminalidade deve atuar como um artilheiro em frente a um gol. A fala foi alvo de severas críticas de organizações de direitos humanos.

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