Resistência, educação, saúde e mulheres negras. Foram esses os temas que permearam toda a manhã de sábado do dia 15 de dezembro no Memorial Zumbi dos Palmares em Teresina. Era a roda de diálogo realizada pelo Instituto da Mulher Negra do Piauí – Ayabás, com enfoque em Resistência Negra. A roda antecede o Seminário Estadual sobre Saúde das Mulheres Negras que acontecerá no início de 2013.
Terapeuta Educacional Gisele Padilha falando sobre saúde da mulher negra.
A terapeuta educacional, Gisele Padilha, de São Luís do Maranhão, abriu a conversa contextualizando o histórico de lutas do movimento negro brasileiro, especialmente das mulheres que o construíram e ainda constroem. Ela, que também é cantora do maior bloco afro de Sao Luís, o Akomabu, colocou que o movimento negro começa a surgir no Brasil na década de 70, denunciando o racismo e suas causas e cobrando do Estado ações para reverter esse quadro.
Já na década de 80, ela ressalta que o movimento começa a escrever, produzindo pesquisas na academia sobre o tema. Foi nessa década também que o IBGE lança a Campanha ” Não deixe sua cor passar em branco “, a fim de afirmar o reconhecimento do ser negro e negra no país. Na década de 90 ela destacou a importância da criação do GTI (Grupo de Trabalho Interministerial, para valorização da população negra), pelo Ministério da Saúde. Em 2001, outra ação importante pelo Ministério da Saúde foi a publicação do Manual das doenças mais importantes por razões étnicas na população negra afrodescendente. Ações estas que a terapeuta fez questão de ser incisiva que foram todas conquistas de lutas do movimento negro.
Mais especificamente sobre a saúde da população negra, Gisele trouxe dados de 2005 que mostram as mulheres negras com os maiores índices de óbitos maternos, com altos índices de eclampsia e aborto. Além disso, ela coloca que as mulheres sofrem também com o racismo institucional, onde chegam no hospital e muitas vezes não são anestesiadas em algum ato cirúrgico. ” Precisamos que os profissionais de saúde sejam treinados e sensibilizados sobre a importância da atenção diferenciada no quesito raça,