Redação Correio Nagô*
Pele negra e cabelos ouriçados para o alto. Esta é a imagem da professora, baiana, 31 anos, Maria Priscila, vencedora do 1º “Miss Black Power Brasil”, evento que aconteceu no dia 08/11, no Centro do Teatro do Oprimido, no Rio de Janeiro. Como prêmio, a feirense levou para casa a faixa e o troféu “Miss Black Power 2014”, o dever de participar de ações que contribuam para o reforço da identidade negra e o papel de ser representante na luta pelo combate ao racismo.
É a primeira vez no país que a estética do cabelo “Black” é enaltecida em um concurso de beleza. Para ser considerada campeã, a candidata não podia ter somente um rosto belo e um black power, mas era obrigatoriamente necessário ter conhecimentos sobre a trajetória do povo negro no Brasil. Segundo uma das organizadoras do concurso, Paula Azeviche, a iniciativa faz referência à necessidade de se respeitar, valorizar o padrão afro.
Diferente de muitas outras competições para miss, estatura padrão e idade considerada jovial não estavam inseridos nos critérios de seleção. Na primeira etapa de avaliação, foi considerada a autodeclaração de ser mulher negra e ter uma trajetória que envolvesse questões relacionadas à temática racial. No segundo momento, através de votação feita pela internet, 15 mulheres foram selecionadas para desfilar na cidade maravilhosa.
Mais de 50 mulheres concorreram à coroação, sendo que, deste total, 11 foram do estado da Bahia. Todas as candidatas que desfilaram no evento receberam a medalha “Miss Black Power”. A segunda colocada, a baiana Jaciene Silva, e a terceira, a mineira Elaine Serafim, receberam o título de Princesa Black Power.
Em média, 500 pessoas lotaram o espaço com o objetivo de conhecer a vencedora. Flashes para todos os lados e símbolos afros tomaram conta do espaço. Na noite da escolha, dois desfiles foram realizados. No primeiro deles, “Eu sou Miss Black Power”, a candidata precisava vestir roupa de gala e usar o cabelo solto sem adereço. No segundo, “Sou uma Rainha”, era preciso estar trajando vestimentas de gala com referências africanas ou afro-brasileiras e cobrir as madeixas com turbantes.
No dia seguinte (09), o público pôde assistir a vídeos de temática étnico-racial, participar da noite de autógrafos de autores como Conceição Evaristo, Lia Vieira, Elisabeth Manja e Regina Lúcia Sá e compartilhar de um bate-papo sobre estereótipos do povo negro com o presidente do Fundo Baobá, Hélio Santos, com a coordenadora do prêmio Abdias Nascimento, Sandra Martins, e com o gerente do Programa de Empreendedorismo e Economia Criativa na Elas- Fundo de Investimento Social, Eliana Maria Custódio.
O “Miss Black Power” está inserido em uma proposta do evento cultural Mercado di Preta, que tem como objetivo discutir sobre a estética negra.
Por Taciana Gacelin