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Bairro Dois de Julho na luta pelo direito à cidade

Desde que foram anunciadas, em 2012, as polêmicas ações para revitalização do bairro Dois de Julho, em Salvador, Bahia, moradores, usuários, associações comunitárias e movimentos sociais têm acompanhado mais de perto esta pauta.

À época, a Prefeitura de Salvador anunciou propostas de intervenções para “humanizar” a região, inclusive previa mudança do nome do bairro para Santa Tereza.

A troca de nome ficou para trás, mas os problemas no local ainda persistem. Em contrapartida, o movimento de contestação cresceu e tem se articulado, abrindo possibilidades políticas na luta pelo direito à cidade.

Para a educadora Viviane Hermida, desde que chegou ao bairro, os problemas ainda são os mesmos. “A coleta de lixo, embora seja cotidiana, não é regular, até porque o Mercado Municipal gera bastante lixo, que não é recolhido com frequência. Sentimos falta de uma creche no bairro e a falta de segurança também incomoda, mas destaco a gentrificação* e a especulação imobiliária, como os principais” ressalta Viviane, que mora no local há 11 anos.

Em síntese, gentrificação é o processo de transformação de centros urbanos através da mudança dos grupos sociais ali existentes. Sai a comunidade de baixa renda e entram moradores das camadas mais ricas.

Nesse movimento de resistência, o grupo de pesquisa Lugar Comum, da Faculdade de Arquitetura da UFBA, realizou ontem (19), a última de uma série de oficinas promovidas este ano com objetivo de apresentar propostas de melhorias para o bairro.  Em entrevista ao Correio Nagô, a coordenadora geral da iniciativa, Maya Manzi adiantou que o projeto, fruto das discussões, será apresentado ao poder público.

“O interessante dos encontros foi à diversidade de melhorias sugeridas pelos moradores, tais como habitação social, criação de espaços públicos e verdes, centro de apoio social para a população vulnerabilizada do bairro, entre outras”, diz a coordenadora.

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Viviane Hermida participou da oficina. “Foi muito participativa, com pessoas das várias áreas do bairro e  de vários grupos e  movimentos, como o Movimento Nosso Bairro É 2 de Julho, Coletivo da Vila Coração de Maria e Centro Cultural Que Ladeira É Essa? Houve discussão das propostas em grupos, a partir de 10 eixos: habitação social, cultura, segurança pública, combate às desigualdades sociais, etc.   O grupo saiu muito motivado a fazer  as propostas saírem do papel, seja através de ações dos/as próprios/as moradores ou através dos poderes públicos”, conta.

Quem também marcou presença no encontro foi a ouvidora da Defensoria Pública do Estado Vilma Reis, moradora do bairro.

A especulação imobiliária e a gentrificação foram apontadas como grandes desafios à concretização das propostas. O trabalho ainda será sistematizado e disponibilizado no blog do Plano de Bairro 2 de Julho.

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Em meados de novembro deste ano, a  Prefeitura de Salvador anunciou entrega de melhorias no bairro, como a requalificação dos mercados Dois de Julho e das Flores, e da região do entorno. Somente em iluminação, de acordo com informações em site institucional, foram investidos R$ 150 mil. Além disso, informa que existe um grupo de trabalho que está discutindo melhorias para o bairro nos âmbitos culturais, humano e de infraestrutura.

Marcelo Nascimento é repórter do Portal Correio Nagô.

Colaborou Donminique Azevedo

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