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Biografia de Luther King vira história em quadrinhos

A vida e obra de Martin Luther King reservam um significado especial para as lutas antirracistas em todo o mundo. Graças a colaboração do poeta afro-americano Arthur Flowers e do artista plástico bengalês Manu Chitrakar, integrados pelo projeto gráfico do designer italiano Guglielmo Rossi, a história do líder negro foi transformada em história em quadrinhos pela editora indiana Tara Books. E essa versão chega agora para o público brasileiro, através da editora Martins Fontes.

Luther King parecia saber que num enfrentamento violento haveria muitas baixas, principalmente entre os negros. Por isso, desenvolveu a tese da não violência, baseado no discurso de outro herói, Mahatma Gandhi. Segundo os editores da Tara Books, esse projeto foi realizado através de uma “colaboração inusitada” entre “pessoas brilhantes que nunca se conheceram” pessoalmente. E afirmam que esse livro em quadrinhos “tornou-se um relato rico e comovente sobre uma vida extraordinária”.

O autor Arthur Flowers relata ter percebido que “não estava contando apenas a história de Martin Luther King, mas de toda a luta afro-americana”. Para ele é fundamental que o público compreenda o que King representava “para nós naquela época e o que significa agora”, principalmente para a “luta pela vida e pelas conquistas”, pela melhoria da condição humana. Para Manu Chitrakar, que fez as ilustrações, os personagens desse enredo lhe são um pouco “estranhos”, até por que “se passa em outro país”, mas “essa história pertence a todos os seres humanos”.

Breves linhas sobre o líder

Depois da Guerra Civil Americana (1861-1865), a questão da igualdade racial ganhou destaque devido à resistência do Sul ex-escravista às mudanças, com uma aberta segregação racial, que também persistia Norte. Nesse aspecto as chamadas Black Church (Igreja de Negros) desempenharam papel fundamental na organização da resistência antirracista. No século XX, elas despontaram na luta por arregimentar grande número de descendentes de escravos para lutar por seus direitos. O próprio Martin Luther King era um pastor protestante.

“Os pregadores negros sempre lutaram na linha de frente, e, na hora de mobilizar o povo, Luther King simplesmente aplicou à oratória política sua habilidade de fazer sermões”, diz Flowers, complementando que o líder “era o que se chama um homem de estirpe, da ala progressista da burguesia negra do Sul, gente para quem a defesa da raça é tradição de família”.

Com a Proclamação de Emancipação em 1863, que pôs fim à escravidão nos Estados Unidos, a luta antirracista intensificou-se. Os brancos do Sul organizam-se em grupos paramilitares para objetivo de atacar os negros, essencialmente os que “ousavam” em tentar ser igual. O mais famoso desses grupos foi a Ku Klux Klan, entidade reacionária que defendia a supremacia branca e assassinou (em linchamentos públicos muitas vezes) inúmeros negros e defensores de seus direitos.

As coisas começaram a mudar quando, em 1955, Rosa Parks sentou em local não permitido aos negros e acabou por ser presa. A partir desse episódio, a luta com um forte boicote aos ônibus em Montgomery ganhou força. Outro episódio que revoltou a comunidade negra diz respeito ao caso do garoto Emmet Till, acusado de assobiar para uma garota branca. Ele foi barbaramente amarrado com arame farpado a uma descaroçadeira de algodão e jogado no rio Tallahatchie.

O discurso mais famoso de Luther King, “Eu tenho um sonho”, foi pronunciado em agosto de 1963. Nele, pregou a chegada da justiça social, em que todos fossem tratados como seres humanos, iguais em direitos, com as mesmas chances de vida. “Eu vi a terra prometida. Talvez não vá até lá com vocês, mas esta noite quero que vocês saibam que nós, como povo, chegaremos à terra prometida”, profetizou.

A saga dos afro-americanos e a liderança de Martin Luther King aparecem muito bem neste livro. Ao ganhar o prêmio Nobel da Paz, em 1964, a luta pacifista desenvolvida por King ganhou realce. E também mais tenaz perseguição, desde o grampeamento de seus telefones até chantagens policiais. Porém, ele nunca cedeu. E acabou assassinado em 4 de abril de 1968, em Memphis, no Tennessee. Tornou-se o maior mártir da luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos e sua luta ressoa até hoje em todos os cantos do mundo.

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