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Blocos afros marcam presença na Lavagem do Bonfim nesta quinta-feira (12)

Amanhã (12), ocorre a Tradicional Lavagem do Adro da Basílica Santuário do Senhor do Bonfim, mais conhecida como a Lavagem do Bonfim.

Às 8h será à saída da 4ª Caminhada da Conceição da Praia – Comércio (Lavagem de Corpo e Alma). As homenagens ao Senhor do Bonfim ocorrem desde o dia 05 e seguem até 16 de janeiro.

Haverá cortejo dos blocos afros, entre eles, o Ilê Aiyê, Muzenza e o Afoxé Filhos de Gandhi. O artista plástico, Mundão, que faz as criações do Ilê Aiyê e do Muzenza, considera a lavagem do Bonfim uma festa grandiosa, no qual, os blocos afros participam no intuito também de não permitir que essa festa tradicional acabe e acrescenta.

Lavagem do Bonfim 2015Foto: Elói Corrêa/CGOVBA

Foto: Elói Corrêa/GOVBA

 

“Para os blocos afros é importante participar não só pela devoção ao Senhor do Bonfim, ou pelo culto a Oxalá no sincretismo, mas também por estarmos nos preparativos para o carnaval. E é através das temáticas raciais trazidas pelos blocos afros que podemos também fazer o nosso protesto, falar sobre questões raciais e tomar esse espaço importante levantando nossas bandeiras”, acrescenta Mundão.

UM POUCO DE HISTÓRIA

“O ato de lavar a igreja iniciou em 1773, quando os membros da Irmandade ‘Devoção do Senhor do Bonfim’ obrigaram os escravizados a lavar a igreja em preparação a festa que aconteceria no domingo após o Dia de Reis. Os povos negros que executavam esta tarefa passaram a oferecer este momento a seus orixás, usando do encontro de preparo para homenagear e festejar Oxalá”, contextualiza a historiadora Deise Nascimento.

“A questão histórica foi o que chamou minha atenção, como historiadora a festa me proporciona muitas leituras. É fascinante a mistura de cores, os diferentes conceitos, formas e expressões da fé que a lavagem do Bonfim proporciona. É muito preto junto, e eu adoro isso.”

A estudante Larissa Lima, 23, participa desde os 15 da Lavagem do Bonfim. “A parte religiosa da festa é muito bonita, a diversidade de elementos da cultura popular. A presença negra na festa é forte, está espalhada, está nos bloquinhos de marchinha, está na procissão, nas festas ‘profanas’. A população negra está na rua”, considera a estudante de Letras e revisora da Revista Quilombo.

FEIJOADA TAMBÉM É TRADIÇÃO

A feijoada é tradicional após a lavagem do Bonfim. Em conversa com o Correio Nagô, Elis Regina, sobrinha de Alaíde, conta um pouco sobre essa experiência. “São mais de 30 anos de atividade, começou com minha vó. Com essa crise a gente fica mais atenta, com um pouco de receio, tanto que diminuímos a quantidade. Levávamos três panelas. Este ano, será uma. O valor também foi reduzido, com R$ 20, é possível comprar uma quentinha que serve para duas pessoas. Mesmo com tudo isso, a gente mantém a esperança, pois quem tem fé, sabe que vai dar tudo certo”, conta Elis Regina.

Joyce Melo é repórter do Portal Correio Nagô.

 

 

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