Para agricultores não há preferência entre candidato colorado ou liberal, ambos contra tentativa de reforma agrária de Lugo
Assunção – A três dias da eleição presidencial paraguaia, o país vive um momento de indefinição decorrente da pequena diferença de intenção de voto entre os candidatos Horacio Cartes, do Partido Colorado, e Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA). Há uma parcela da população, no entanto, que parece não se importar com o resultado de domingo (21) e já se considera vitoriosa: os brasiguaios.
Críticos do ex-presidente Fernando Lugo, que tentou impulsionar uma reforma agrária e deixou o poder com o golpe de Estado de junho de 2012, os brasileiros que vivem no Paraguai e seus descendentes classificam Cartes e Alegre como “bons candidatos”.
“Ambos representam e promovem ideias de acordo com o direito a propriedade privada. Estamos vivendo um momento de euforia poucas vezes visto no Paraguai”, afirma Marcelo Balmelli, que vive em Santa Rosa del Monday, a cerca de 60 quilômetros da tríplice fronteira.
A Central Nacional do Cooperativas, que reúne 5 mil produtores agrícolas, sendo mais da metade brasiguaios, adota discurso mais crítico aos dois favoritos, que representam os maiores partidos políticos do país. “Os brasiguaios dizem que estão mais tranquilos agora, mas para o sindicato não mudou muito. Aqui a insegurança jurídica é uma situação histórica, mas que se intensificou durante o governo Lugo”, explica a presidente da entidade, Simona Cavazzutti.
Cavazzutti lamenta o descaso com que os agricultores são tratados no país. “Ouvimos muitas propostas no período eleitoral, mas nunca tivemos uma relação fluida com o governo. Temos que nos encarregar de tudo, porque eles não apoiam o setor produtivo: não oferecem crédito para agricultura, como no Brasil, não há infraestrutura, logística, nem apoio ao comércio exterior”.
Dez meses depois de o Paraguai ser suspenso do Mercosul e da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), há importantes setores no país que argumentam contra o retorno a esses blocos. Para esses paraguaios, que compõem a elite local, a suspensão não trouxe prejuízo para o país. A opinião dos agricultores brasiguaios, no entanto, é oposta.
“O Paraguai tem que