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Carnaval de Salvador amplia a diversidade e contempla vertentes do samba

 

Redação, Correio Nagô – As raízes do samba foram fincadas na Avenida e ganharam destaque nos dois primeiros dias de carnaval em Salvador. Cerca de 20 entidades embalaram mais de 50 mil foliões e reafirmaram em 2014, a forte aceitação do público pelo ritmo musical. Os blocos trouxeram a diversidade deste segmento, contemplando desde o pagode carioca ao samba de roda.

O samba carioca conquistou o coração dos foliões, inclusive de crianças e idosos, garantindo o seu espaço no carnaval soteropolitano. Grandes sambistas, com visibilidade nacional, deixaram de lado as discussões da origem do samba neste período e focaram na disseminação do segmento, misturando-se aos grupos locais.  Para o cantor Diogo Nogueira, que pela primeira vez participou como uma das atrações principais no bloco Alerta Geral, o samba não tem fronteiras. “O importante é levar o samba e a alegria para o povo brasileiro. Nós cariocas temos o maior respeito pelo carnaval da Bahia”.

O carioca Diogo Nogueira e o respeito ao samba da Bahia. Foto: Edson Ruiz

O carioca Diogo Nogueira e o respeito ao samba da Bahia. Foto: Edson Ruiz

Outra combinação que mexe com o imaginário dos foliões é o bloco afro que opta por uma atração de samba, a exemplo do Alabê, que apesar de conservar os tambores da percussão, as dançarinas afro e o gingado da capoeira, traz há três anos para a Avenida, um grupo de samba para desfilar um dia no bloco. Alírio Tumbaiê, presidente do Alabê, explica que apesar da opção, o bloco é genuinamente afro e jamais será de samba. “Assim como o candomblé e a capoeira, o samba também nasce dos negros escravizados. Decidimos por ser contemporâneos e representar essa diversidade cultural na Avenida”, completa Tumbaiê.

A influência social destas entidades também é representada na Avenida. Jovens desconhecidos participam de atividades preparatórias durante todo o ano para se tornar protagonistas nesta época. A dançarina Nay Santana ressalta que todo seu molejo é fruto de muitos ensaios realizados especialmente para desfilar na Avenida ao som da banda Catadinho do Samba. “O Afinidade me deu esta oportunidade e me sinto feliz por representar o que é da terra, o verdadeiro samba de raiz”, conta a Musa do Bloco Afinidade.

O samba junino, que teve o seu auge na década de 1980, veio representado nos blocos Jaké, Leva Eu e Fogueirão. A participação destas entidades no Carnaval de Salvador, que resgata o samba de roda, é reflexo da preservação deste segmento cultural, inclusive na região do Recôncavo baiano. “Há seis anos entramos no carnaval com um trio elétrico, mas mantendo a ala de sambistas no chão para que as pessoas participem com palmas e cantos, formando o verdadeiro samba de roda”, explica Neivaldo do Tchaco, presidente do Jaké.

Velha-guarda do samba anima o Bloco Alvorada. Foto: Rosilda Cruz

Velha-guarda do samba anima o Bloco Alvorada. Foto: Rosilda Cruz

As entidades de samba trouxeram um carnaval diferenciado, alinharam a presença das estrelas de forte apelo popular à conservação das matrizes africanas. Entre as atrações dos blocos de samba, passaram pelo carnaval 2014, nomes Dudu Nobre, Diogo Nogueira, Mariene de Castro, Gabby Moura, Délcio Luis, Reinaldo, Raimundo Sodré, Roberto Mendes, Aloísio Menezes, É o Tchan, Harmonia do Samba e o Grupo Revelação, esses dois últimos responsáveis por duas das maiores pipocas deste carnaval.

Por Vanessa Pinheiro

* Reportagem especial de Carnaval para o Correio Nagô

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