27/12/2017 | às 14h30
Um dos assuntos mais comentados entre a comunidade negra em 2017 foi o caso Rafael Braga. O jovem catador de materiais recicláveis foi preso em 2013, durante as manifestações, por estar portando uma garrafa de Pinho Sol e outra de água sanitária. Rafael ficou privado de liberdade, mesmo após o laudo do esquadrão antibomba da Polícia Civil atestar que não haveria a menor possibilidade de o material ser inflamável. Leia mais sobre o caso aqui.
Em 2017, o caso Rafael Braga ganhou uma mobilização maior nas redes sociais e, principalmente, nas ruas, reacendendo os debates sobre racismo institucional e encarceramento da população negra. Muitas conquistas foram realizadas graças às mobilizações de militantes que lutaram para que o caso não fosse esquecido e, inclusive, dando assistência para a família do rapaz. Em junho deste ano, os coletivos BATEKOO e Discopédia se uniram para realizar em evento com o objetivo de arrecadar dinheiro para a família de Rafael, o único preso e condenado nas manifestações de 2013.
Também este ano, Rafael contraiu tuberculose na cadeia e em setembro, após muita luta, o STJ – Supremo Tribunal de Justiça concedeu prisão domiciliar para que ele pudesse tratar a doença em casa. Vale lembrar que Rafael foi condenado por associação ao tráfico de drogas, acusado de portar 0,6 g de maconha e 9,3 g de cocaína no Complexo de Favelas da Penha, zona norte do Rio e, segundo testemunhas, as drogas foram implantadas para incriminar o rapaz, que ainda foi espancado pela polícia.
Muito se disse sobre a liberdade de Rafael Braga. Foram discussões fervorosas sobre a injustiça que cerca o caso e como tantos negros são encarcerados injustamente por conta do racismo institucional, pois são sempre o alvo principal dos policiais. O caso de Rafael mobilizou o movimento negro num geral, em vários estados e, principalmente, no Rio de Janeiro. Lá, militantes gritaram com força, se manifestaram e fizeram reuniões, debates e ações em praças em Olaria, Centro e Largo do Machado.
O movimento negro continua lutando pela liberdade do rapaz e a campanha ainda segue firme.
Por onde anda a liberdade, todos nós sabemos, só não se sabe quando irão devolvê-la Rafael Braga.
“Classe média, não pega nada/Quando toma enquadro/Quando pega baga/Detergente vira detenção/Quando é negão, tipo Rafa Braga”. (Rincon Sapiência, sobre o julgamento de Rafael Braga)
Ashley Malia é repórter-estagiária do Portal Correio Nagô.
Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo.