Um panorama sobre a realidade sociocultural do setor do livro a partir das dimensões de raça e africanidades é tema do livro “Africanidades e relações raciais: insumos para políticas públicas na área do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas”, que será lançado em um ciclo de conversas, nesta sexta-feira, 15/05, no Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA (CEAO), às 19h. O livro é fruto da necessidade de uma intervenção estruturante no Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) publicado em 2010, que não contempla temas ligados à questões raciais.

Em 403 páginas, 48 especialistas – 25 homens e 23 mulheres – transversalizam africanidades e relações raciais nas políticas de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (LLLB) no Brasil. Números que demonstram o acumulado de informações e profissionais competentes para falar sobre a temática. “Existe muito conhecimento acumulado e o racismo institucional não tem permitido que ele seja evidenciado, que ele ganhe a Ágora para a discussão e nosso livro é isso, é um potencializador da discussão a partir de um conhecimento concreto”, conta Cidinha da Silva, organizadora do livro, escritora e doutoranda em Difusão do Conhecimento pela UFBA, em entrevista ao portal Correio Nagô.

Entre os pesquisadores que assinam contribuições estão Analu Souza, Janja Araújo, Eduardo Oliveira e Lívia Natália, que também estarão presentes no evento. A doutora em Teoria da Literatura e professora Adjunta de Teoria da Literatura do Instituto de Letras da UFBA, Lívia Natália, contou para o Correio Nagô que foi desafiada a escrever sobre a construção do pensamento do jovem escritor, negro e militante com a reconfiguração de temas e posturas na escrita. “Aponto para a estética literária como uma importante política de representação e afirmo que estes jovens devem aprender a olhar, a um só tempo, conhecendo e valorizando a escrita de militantes históricos como Cuti, Limeira, Miriam Alves, Conceição Evaristo, dentre outros”, explica.

Cidinha Silva explica também que a participação em um debate, durante reunião de trabalho entre a Fundação Cultural Palmares (FCP) e a Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB), ambas unidades do Ministério da Cultura, foi o estopim para a composição de um livro. No momento, estava em andamento mudanças pontuais, porém o Plano precisava de uma intervenção mais efetiva. “Nosso papel [com o livro] é disponibilizá-lo para subsidiar os Planos Municipais em construção em todo o Brasil. Produzimos conhecimento com dinheiro público e o estamos disponibilizando, daqui por diante, para que ele voe e siga seu caminho respondendo e fomentando o debates”, conclui Cidinha.

Durante o lançamento, haverá sorteio gratuito de exemplares da obra.

Da redação do Correio Nagô.