Conheça o FICINE, um fórum de cinema que acaba de ser lançado no Brasil
O Fórum Itinerante de Cinema Negro (FICINE) é um espaço de formação e reflexão sobre a produção mundial de cinema, fotografia e audiovisual que tem os/as negros/as como realizadores/as e as culturas e as experiências negras como tema principal. O conceito abrange cinematografias distintas que se estendem dos países africanos às suas diásporas. De Zózimo Bulbul no Brasil à Isaac Julien no Reino Unido. De Ousmane Sembene no Senegal à Julie Dash nos Estados Unidos. De Zezé Gamboa em Angola a Jhonny Hendrix Hinestroza na Colômbia.
O FICINE é composto por historiadores, antropólogos e cineastas de Cabo Verde e Brasil interessados na produção, crítica, formação e qualificação de público para o debate acerca de tais cinematografias, tentando compreendê-las em seus sentidos fílmicos mais completos e não apenas como meras ilustrações ou alegorias sobre as histórias e as culturas negras no mundo. Problematizar a própria produção, mostrar como determinados contextos culturais constroem narrativas diversas e significativas, bem como criam gêneros e linguagens distintas é uma de nossas intenções.
Além disso, o Fórum Itinerante de Cinema Negro procura refletir sobre as construções de identidades e subjetividades na diáspora e em África, pensando quais são as relações históricas e culturais responsáveis tanto pela perpetuação de heranças e tradições, quanto pela sustentação de estereótipos e preconceitos raciais. Desconstruir esses estereótipos e preconceitos faz parte de nossas intenções.
Conhecer as imagens produzidas por cineastas negrxs é também um meio de descolonizar o pensamento sobre o cinema e ampliar o repertório de representação sobre o negro, a partir de um discurso produzido pelo próprio negro e não apenas por discursos sobre ele.
Em novembro de 2013, Mês da Consciência Negra, o FICINE inaugurou sua página na internet – www.ficine.org – e iniciou uma série de eventos presenciais a partir do Rio de Janeiro, com agenda já marcada para discussões em Salvador, Praia (Cabo Verde), Ouagadougou (Burkina Faso) e Cali (Colômbia).
Por Ailton Odaq